13 de janeiro de 2009

Uma semana em Chennai, Índia - Parte 1



Namaskar

Hoje temos abaixo, o depoimento de viagem do Sr. J. Reinaldo .


A seguir o que observei durante a semana (07/09/08 a 13/09/08) que passei em Chennai, Índia.

Procurei fazer um relato isento de julgamentos, portanto tudo o que está escrito é apenas observação, sem juízo de valores. Nada de certo ou errado. Apenas diferente.

Há um complemento nos comentários das fotos que tirei e podem ser conferidos aqui: http://picasaweb.google.com.br/j.reinaldo.rocha/UmPoucoDeChennaiNdia#
Não deixe de ler os comentários, caso contrário pode não entender o porquê da foto. Algumas fotos precisam ser ampliadas para poder entender o comentário.
A ida

Fui escalado para um trabalho em Chennai, na Índia.

A confusão começou quando li o documento de reserva de passagens. Eu deveria viajar a 1:30h da manhã seguinte (06/09), porém no documento estava marcado 1:30h da manhã daquele dia (05/09). Isto é, o vôo já havia partido!!! Novas passagens foram emitidas.

Seriam aproximadamente 14h de vôo de S.Paulo até Dubai, nos Emirados Árabes. Dormi um pouco e quando acordei, já cansado de viajar, fui conferir e ainda faltavam 9 horas de vôo!

Esperei no aeroporto de Dubai por mais 2 horas e novo vôo até Chennai. Mais 3:40h. Cheguei por volta das 7:30 do domingo.

Na Índia a diferença de fuso horário é de meia hora e não hora inteira. Ninguém conseguiu me explicar a razão.
A chegada


Passei pela imigração rapidamente. Nem me pediram o atestado de vacina de febre amarela que tive que tomar.

Troquei US$ 100 por rúpias à taxa de Rs 40 por dólar.

Em S.Paulo fui avisado que quando chegasse haveria alguém com uma placa onde estaria escrito meu nome. Esta pessoa me levaria ao hotel que já estaria reservado.

Saí do aeroporto e nada de placa!!! Havia umas 5 ou 6, mas nenhuma com meu nome!!!

E agora? Por um breve momento me passou pela cabeça entrar pela outra porta no aeroporto e esperar o primeiro vôo de volta. Mas quando me lembrei que havia ficado mais de 20 horas entre aeroporto e avião mudei de idéia. E ainda tinha o dia todo para "me virar"

Andei várias vezes procurando o tal cara com a placa. E nada.

Pedi a um agente de táxi que estava por lá, e já havia me abordado umas 2 vezes enquanto andava de um lado para o outro tentando achar a bendita placa, que ligasse para o Lx, a pessoa de contato em Chennai.

Ele ligou e o Lx me perguntou onde eu estava. Quando lhe disse que estava no aeroporto de Chennai ele estranhou. Ele não estava me esperando no domingo. Pediu uns 15 minutos. Depois ligou novamente perguntando sobre um e-mail. Disse-lhe que o único e-mail que eu havia recebido era com o telefone dele e mais algumas pessoas. Pediu mais uns 20 minutos.

Enquanto eu esperava, o agente de táxi pediu um dinheiro pelo serviço prestado. Perguntei-lhe quanto.

- Quanto você quiser.
- O problema é que não tenho notas pequenas.
- Você pode me dar dólar mesmo. 1 dólar
- O problema é o mesmo. Vou esperar o Lx chegar, peço-lhe emprestado e lhe dou

Ele não sossegou. Enquanto eu esperava ele colocou um moleque ao meu lado. Eu tentava conversar com o moleque, mas ele não entendia o que eu falava. Veio novamente para cobrar e dei-lhe uma nota de R$ 2,00. Disse que valia mais que 1 dólar. Ele foi até um cambista de rua que lhe disse que não valia nada.
Ele sumiu, mas deixou o moleque tomando conta, para eu não fugir. Quando voltou disse que eu poderia trocar o dinheiro no balcão de venda de passagens de táxi. Troquei o dinheiro e dei-lhe 30 rúpias.

O Lx chegou e me explicou que não havia sido reservado o hotel, pois ele não havia recebido o e-mail confirmando. Se havia, havia sido após ter terminado o expediente da sexta-feira.

O Vs, responsável pela parte administrativa, reservou um hotel e passou ao Lx, por telefone, o endereço.

Fomos para o hotel no carro de Lx. Ele não conseguia achar o endereço do hotel. Ligou várias vezes para o Vs para confirmar o endereço. Paramos em um hotel, não era ali. Entramos no estacionamento de um prédio, mas era um templo e não um hotel. Perguntei ao Lx:

- Como você consegue saber em que rua estamos se não há placas com o nome das ruas.
- É que algumas lojas colocam o nome da rua na fachada.

Pois é, se na rua não houver loja, não conseguiremos saber o seu nome!

Após descer do carro e entrar em um beco ele voltou dizendo que finalmente havia achado a tal rua. Demos a volta no quarteirão e chegamos até o hotel. Era um hotel bem simples. Cama, ar condicionado e um monte de pernilongos que deveriam ser espantados pelo repelente elétrico. Na cama apenas lençol e cobertor, sem colcha.

Lx orientou a me preparar para deixar o hotel no dia seguinte. Viria alguém me buscar para levar a um hotel mais próximo do escritório.

Ele me levou para mostrar onde havia alguns restaurantes e padarias. Ao passarmos pelo beco em que ele havia entrado anteriormente, várias mulheres chorando. Era um velório. Na verdade, preparação para o velório. No meio da rua, ao lado de uma casa de sapé, havia um pano colorido sustentado por 4 estacas formando uma barraca. Sob ela estavam as carpideiras.

Vimos as várias (nem tantas assim) opções de locais para comer, ele me deixou no hotel e foi embora.

Tomei banho e sai. Antes de sair perguntei ao responsável pelo hotel até que horas eu poderia ficar fora. Disse-me que era por volta das 22-23h. Depois a porta seria fechada.

Ao passar pelo velório vi um corpo de mulher protegido por uma caixa de vidro sobre um caixão de alumínio.

Perto havia uma avenida. Andei pela avenida e, a cada 100 metros era abordado por um motorista de rickshaw oferecendo um "tour" pela cidade. Recusei todos. Um deles me abordou na ida e na volta. Foi baixando tanto o preço que disse que me levaria de graça ao shopping. A despesa seria paga pelo shopping.

Fui almoçar em um restaurante "italiano". Rodízio de massas. Pedi um espaghetti, sem pimenta. A primeira coisa que o rapaz colocou foi... pimenta. Mesmo tendo trocado o prato, o conteúdo era apimentado por natureza. Saí com a boca ardendo.

Voltei para o hotel. Por volta das 23h alguém bateu à porta. Abri. Havia um rapaz fazendo alguns sinais de que iria dormir. Eu perguntava o que havia, porém ele não entendia. Perguntei se o problema era o som da TV que estava muito alto. Ele entrou mexeu na televisão e continuou gesticulando. Finalmente entendi. Como eu havia perguntado até que horas o hotel permanecia aberto, ele veio verificar se eu já havia voltado da rua. Como ele não falava inglês, achou que eu estava reclamando do funcionamento da TV.

Eu achava que todo mundo por lá fala inglês. Depois alguém me disse que o inglês é aprendido apenas nas escolas. Assim, quem não freqüenta escola não fala inglês.

No dia seguinte recebo o telefonema de alguém dizendo que estava encarregado de me buscar no hotel. Disse-lhe que já estava pronto. Após algum tempo o dono do hotel me avisou que o táxi já havia chegado. Sai e havia um carro e dois motoristas. Pus a bagagem no porta-malas do táxi. Quando entrei o motorista perguntou se iríamos para o aeroporto.

- Aeroporto? Não. Quem o contratou? Deve haver algum engano.
E havia. O outro motorista voltou perguntando pela empresa em que trabalho. Ele havia estacionado o táxi na outra rua, após o beco, e tinha vindo a pé. Retirei as malas de um táxi e levei para o outro. Até agora não descobri o que houve.

Já escaldado pelas confusões solicitei ao motorista que verificasse se o endereço onde ele me levaria era o mesmo que me havia sido informado em S. Paulo. Era diferente. O motorista ligou para alguém e garantiu que o endereço correto era o que ele tinha. O meu estava errado.

- Ok. Então vamos.

Era um táxi "detonado", o motorista de chinelo e sem os 2 espelhos retrovisores. Descobri que espelho retrovisor é artigo totalmente desprezado por aqui. Alguns que ainda os têm, vira-os para dentro.
Continua amanha.....





























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