23 janeiro 2008

Autobiografia de Benazir Bhutto - Parte 8


Namaskar

Continuando com a autobiografia de Benazir Bhutto, Daughter of the East, An Autobiography.

A lei marcial foi suspensa em 30 de dezembro de 1985.

Durante os anos de ditadura militar a corrupção e o crime haviam se tornado “indústrias nacionais”. O contrabando era o melhor meio de se ganhar dinheiro e o contrabando de armas era o principal de todos. Um sexto do crescimento da economia paquistanesa devia-se ao contrabando. Contrabandeava-se de tudo, de condicionadores de ar a tudo o mais que se podia imaginar.

Cabe aqui um parênteses. Como gosto de ver os dois lados da moeda, logo após acabar de ler a autobiografia da Benazir Bhutto, eu li o livro do atual presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, e ele reclama do mesmo problema, ou seja, um grau inconcebível de corrupção em todos os níveis e contrabando de armamentos e drogas. Isso significa que desde 1977 ate hoje 2008 o Paquistão não melhorou em nada na sua profunda falta de moral e civilidade. Confesso para você que fiquei chocada ao ver que tanto uma defensora da democracia quanto um ditador reclamavam do mesmo problema. Musharraf deixa claro em seu livro “In the Line of Fire” que não foi fácil escolher pessoas honestas para formar seu gabinete e que a corrupção eh a segunda pior praga do Paquistão.

As drogas mais traficadas no Paquistão são a heroina e o ópio. Em 1983 o Paquistão havia se tornado o maior fornecedor de heroina do mundo. Grandes mansões surgiram nas cidades de Karachi e Lahore, todas construídas com dinheiro do trafico. A heroina e os armamentos contrabandeados eram transportados em caminhões do exercito.

O general Zia buscou apoio junto aos fundamentalistas islâmicos (os islâmicos mais radicais e belicosos) e durante a ditadura militar ele foi lentamente introduzindo a islamização das leis no Paquistão. Cristãos, hindus e parsis (seguidores de Zoroastro), recebiam cartas mimiografadas anônimas embaixo de suas portas dizendo “Get out” (vá embora). As minorias ameaçadas venderam suas casas e comercio e tiveram que deixar o país.

Para conseguir e manter o apoio dos fundamentalistas, o general Zia introduziu o “islamic tax” ou imposto islâmico que era de 2.5% da renda. O recolhimento do imposto islâmico era distribuído entre os fundamentalistas que apoiassem Zia. “There were three million Afghan refugees in Pakistan who were being supported by Zia.”

Como o ditador Zia não tinha apoio de ninguém, resolveu compra-lo por meio deste islamic tax. Um dos motivos que ele odiava a família Bhutto eh que os Bhutto sempre tiveram grandes quantidades de admiradores e seguidores gratuitamente enquanto ele nunca teve nada. Todos os Bhutto sempre foram carismáticos enquanto ele passava muito longe de ser uma figura popular. Alem de covarde e assassino, Zia era também invejoso! Que coisa mais feia para homem de meia-idade e general do exercito!!

Em 1984 os fundamentalistas lançaram uma fatwa em um casal de atores paquistaneses. Os atores que eram realmente casados na vida real, na novela eles se separaram, seria como se Tarcísio Meira se separasse na novela de Gloria Menezes. Pois bem, os fundamentalistas foram ate a casa dos atores e queriam apedrejar a mulher pois para eles eh como se os atores tivessem se separado na vida real e como a mulher ainda estava morando com o marido, isso seria visto como fornicação!!!!!!!

Mais um exemplo de islamizacao das leis durante a ditadura de Zia foi a criação da lei que exigia que no mínimo 4 homens fossem testemunhas oculares nos casos de estupro, ou seja, se uma mulher fosse estuprada e ninguém visse nada, o culpado não poderia ser preso. Como os casos de estupro não acontecem em publico isso significa que nunca nenhum homem pode ser preso por estupro!!!!!!!!!!!! E a vitima ainda eh punida por fornicação, no geral a mulher deve levar chibatadas e depois ir para a prisão por 3 anos.

Claro que as mulheres pararam de dar queixa na policia e o estupro virou algo institucionalizado no Paquistão.

Nas faculdades as moças que não usassem burqa eram queimadas com acido pelos colegas de classe.

As atletas não podiam usar shorts ou bermudas e tinha que manter as pernas e braços cobertos.

Qualquer mulher casada que fosse pega em protestos e passeatas eram automaticamente divorciadas de seus maridos pois “aggressive women are outside the parameters of Islam.”

A palavra e testemunha de uma mulher valia somente a metade de um homem no tribunal.

Mulheres não serviam como testemunhas em casos de homicídios.

Se uma mulher tivesse o marido morto, ela receberia somente metade do dinheiro de seguro mas se o homem tivesse sua esposa morta ele receberia o seguro integral.

Eh tanta lei machista que este capitulo do livro me deu nojo dos homens. Deu do céu que criaturas mais horríveis, com certeza prefiro meus gatinhos!!! Eles são incapazes de idéias tão malucas e maldosas!!!

Deve ter sido muito sacrificante para a Benazir, uma mulher estudada, moderna e civilizada ter que viver num pais assim são retrogrado. Agora entendo porque ela lutava tanto pra mudar o Paquistão e para tira-lo da escuridão e traze-lo para a luz. Mas os covardes homens paquistaneses a mataram :(

Em 1986 Benazir começou a receber as primeiras ameaças de morte. Mark Siegel, um consultor político comprou para ela um colete a prova de balas.

Benazir era vista pelos militares como uma ameaça ao seu bem montado esquema de corrupção. Os militares recebiam descontos para comprar terras, carros grátis e isenção de impostos entre outras mordomias.

Foto: Benazir Bhutto e Pervez Musharraf

Continua amanha....

Om Shanti