Os poços em degraus da Índia - baoli, baori, baudi, bavari ou vav, nomenclatura que varia consoante o local - são enormes reservatórios de água escavados no solo, em socalcos. Possuem uma série de degraus sucessivos numa ou mais das suas paredes, por onde se faz o acesso à água armazenada. Alguns chegam mesmo a possuir uma rampa para o gado. Esta concepção brilhante, ditada por razões exclusivamente utilitárias, permite não só um funcionamento eficaz com qualquer nível de água como também a manutenção do próprio poço.
Pensa-se que os poços em degraus surgiram há cerca de 800 anos na região ocidental da Índia e no Paquistão, embora haja quem sustente que são bastante mais antigos. Substituíram a pouco e pouco os vulgares reservatórios de água e tornaram-se bastante comuns sobretudo nos locais mais áridos. Com o tempo, o seu papel foi-se diversificando, enriquecendo e transcendendo a mera função utilitária. Durante o quente Verão indiano, por exemplo, constituíam locais de convívio onde as pessoas podiam desfrutar calmamente de sombra e frescura.
Em alguns casos os poços recebiam estruturas arquitectónicas mais ou menos complexas em seu redor, que podiam ir de uma simples cobertura até conjuntos de habitações. Aldeias e outras comunidades floresceram em torno deles. É também comum encontrar templos construídos junto aos poços, transformando-os em locais místicos e objecto de peregrinação a que as pessoas recorriam para banhos sagrados e rituais.
Embora a necessidade de armazenamento de água se mantenha na Índia, os poços em degraus caíram em desuso em detrimento de novos sistemas. Curiosamente aqueles que ainda se mantêm funcionais possuem quase sempre um carácter lúdico.
O Adalaj Vav, em Ahmedabad, o Rani ki vav, em Gujarat, ou o Chand Baori (imagens acima), no Rajastao contam-se entre os mais espectaculares entre estes.
Colaborou: Julio de Almeida
Incredible India!
Om Shanti