Festival celebra casamentos infantis na Índia
Menores se casam no dia do nascimento do deus Vishnu.
Centenas de menores de idade se casaram no estado de Rajastan, no noroeste da Índia, como parte do festival de "Akshaya Trtiya", ou "Akha Teej".
O dia é considerado auspicioso para os indianos, especialmente para comércio, compras e casamentos, já que se celebra o nascimento do deus Vishnu, tido como o guardador da vida. É por esta razão que, todos os anos, se organizam centenas de casamentos entre crianças durante as comemorações.
Apesar de o matrimônio infantil ser proibido pelas leis indianas, uma vez que a cerimônia é realizada, a união torna-se válida.
De acordo com os dados da Unicef (Fundo da ONU para Infância e Adolescência), 56% das meninas indianas se casam antes dos 15 anos e 17% antes dos 10 anos.
Uma pesquisa recente sobre saúde familiar nacional na Índia indicou que mais de 50% das meninas do estado de Rajastan são mães antes dos 19 anos.
A maioria dos casamentos infantis acontece em áreas rurais nos distritos de Jaipur, Alwar, Tonk, Sawai Madhopur, Bundi, Kota, Ajmer e Udaipur - todos no estado de Rajastan.
O estado é um importante destino turístico e conta com diversas atrações históricas e monumentos, como palácios, castelos e ruínas. No entanto, também apresenta um dos piores indicadores sociais do país: alto índice de analfabetismo, infanticídio, feticídio, casamentos infantis e violência.
Nas aldeias das regiões, as meninas são retiradas das escolas para que possam aprender suas obrigações matrimoniais - carregam água, fazem panquecas de merda de animais para combustíveis e esfregam pisos.
Os pais organizam estes matrimônios para economizar o custo da cerimônia, já que várias irmãs se casam ao mesmo tempo. Além disso, os pais temem não conseguir noivos para suas filhas se estas crescem.
Em algumas ocasiões, os maridos vendem as esposas para outros homens.
De acordo com Mohini Giri, ex-presidente da Comissão Nacional de Mulheres da Índia, trata-se de uma tragédia não apenas para as meninas, mas para o país, o fato de elas "sofrerem com esta prática retrógada e se casem antes que tenham a oportunidade de florescer".
Fonte: G1
Colaborou: Chris Tardelli
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