05 setembro 2008

A Índia é uma bagunça


Namaskar

Segue uma interessante entrevista do Lucas Mendes com um cientista

político, autor de um livro recém-lançado, sobre geopolítica.

O Brasil já esteve no terceiro mundo, foi emergente e agora está no

segundo mundo. Quem nos diz é Parag Khanna, cientista político, num

livro de 466 páginas: The Second World - Empires and Influence in the

New Global Order (Random House). Em português, O Segundo Mundo,

Impérios e Influências na Nova Ordem Global.

Inspirado na experiência de um historiador maior, Arnold Tombei, Parag

Khanna passou dois anos viajando pelo mundo colhendo informações e

impressões em quarenta países para seu livro e, apesar de suas

conexões americanas e de sua origem indiana, o historiador não é

otimista sobre os Estados Unidos nem sobre seu próprio país.

O declínio americano foi precipitado pelos últimos oito anos de Bush,

mas não é culpa do presidente. Foi vítima da globalização a partir da

década de 80.

A Índia, seu país de origem, é uma bagunça que nunca chegará a ser a

China.

O mundo de Parag Khanna está dividido geograficamente em cinco partes

e, geopoliticamente, em três: os impérios - Estados Unidos, China e

União Européia. Há um segundo mundo com 40 países, entre eles o

Brasil. E o resto.


Passei uma tarde com o historiador no apartamento dele em Nova York e

ele me disse que a União Européia é o império mais popular e bem

sucedido de toda história porque não domina. Disciplina. A cada ano,

admite pelo menos mais um país novo, sem nenhuma conquista militar. Os

candidatos brigam para entrar no império.

E qual é o sonho chinês? Com quem sonha a China?

Com a Alemanha do pós-guerra, industrial, próspera, engenheira, exportadora.

A China pensa como império, mas sem ambições militares. Um império comercial.

E a Índia, seu país de origem?

Não tem a menor chance de ser império. A Índia é uma bagunça.

Economicamente desigual, burocrática e democrática, mas é uma

democracia que emperra mais do que avança. Tudo é difícil e apesar das

aparências, o investimento externo é pequeno. Entra mais dinheiro em

Hong Kong num ano do que na Índia inteira.

E qual é o sonho islâmico?

Não existe, porque não há uma identidade islâmica. Há uma coleção de

países com interesses diferentes, com freqüência, opostos.

O Brasil está no time que sonha com uma sociedade européia e, diz ele,

está entre os três paises que mais gostou e mais o impressionaram

nesta pesquisa.

A política do país não-alinhado está morta. Foi substituída pela

política dos países multi-alinhados. O Brasil joga, e bem, com os três

impérios. Tem tudo para dar certo.

Colaborou: Carol Parisi

Incredible Blocos Economicos!

Om Shanti