Queridos leitores do Indiagestão
Por já ser
leitora do site há uns 4 anos, é com grande prazer que venho hoje compartilhar
com vocês a realização de um dos grandes sonhos da minha vida: Conhecer a
Índia!
Moro no Japão
há 6 anos e havia decidido que antes de voltar definitivamente ao Brasil, eu
iria à Índia. Na verdade, eu sou uma apaixonada pela Ásia desde pequena e essa
"doença" piorou depois que eu vim ao Japão. Como sempre gostei de
estudar idiomas, comecei a estudar hindi no ano passado. Mais por hobby do que
por outra coisa, mas, por via das dúvidas, achei melhor saber algumas
palavrinhas em hindi antes de pisar lá na Incredible India. Afinal, saber umas
palavrinhas na língua local sempre deixam os nativos felizes.
O trajeto que
fiz foi Nagoya - Hong Kong - Delhi. Já no aeroporto de Hong Kong, esperando o
meu vôo para a Índia, passei pelo meu primeiro choque-cultural. Um indiano me abordou em hindi e perguntou se
poderia usar o meu laptop para mandar um e-mail urgente. Na verdade, foram dois
choques. O primeiro, por ser abordada em hindi. E, o segundo por alguém que eu
nem conheço me pedir para usar o laptop.
Mas, lembrei
que li aqui no Indiagestão que para os indianos essa noção de privacidade é bem
diferente da que nós temos. Então, entrei na dança e emprestei o laptpop.
Afinal, ele jurou que seriam só 2 minutinhos. E, realmente foram.
Chegando lá
na Índia, eu fui recebida por uma família indiana. Então, não passei pelo
assédio dos motoristas de táxi.
Fiquei 5 dias
em Delhi e conheci todos aqueles pontos turísticos que vocês já sabem. Me senti
muito à vontade na cidade e, em momento algum senti um choque por ver mendigos
ou crianças pedintes, já que cresci no Rio de Janeiro, onde vivenciava isto
praticamente todos os dias. Claro que não é nada agradável ver crianças pedindo
dinheiro, mas não é algo que me choque tanto confesso, já que apesar de morar
no Japão, eu fui criada é no Brasil.
Outra coisa
engraçada que aconteceu e o oposto do que muita gente conta que passou foi
justamente não ter sofrido o efeito E.T. Lá o meu problema foi fazer eles
acreditarem que eu não era uma indiana tentando bancar a rica e metida que quer
falar inglês!!!
Num outlet que
visitei, não estava achando o banheiro e perguntei em inglês mesmo para a moça
onde ficava. Poderia até arriscar em hindi, mas..vai que ela falava algo que eu
ainda não entendo? Então, falei em inglês mesmo. Afinal, estava apertada.
- Excuse
me..where is the toilet? - Kya???(What??) - The toilet...
Então, ela
apontou na direção do banheiro, mas bem brava, como se eu estivesse tentando
aparecer. Sim, vi vários indianos fazendo isso: falando em inglês só para os
outros verem que são cultos e ricos.
Então, não sei
se é melhor já ter cara de E.T ou ser E.T. camuflado. O que vocês acham?
A minha visão
dos indianos
Visitei 2
famílias indianas enquanto estive lá e posso dizer que nunca fui tão bem
recebida e tratada na minha vida. Em uma das casas que eu fui, eles perguntaram
o que eu gostava de comer lá na Índia. Eu fui falando: tandorii chicken, malai
kofta, etc etc. Quando chegou a hora da janta, eu levei um susto quando vi
todos os pratos que eu tinha citado lá, sendo servidos! A senhora havia ido
para a cozinha preparar aquilo tudo! Noossa...fiquei até constrangida, mas
muito, muito emocionada com gesto.
Eu posso dizer
que em todos os lugares que fui, fui muito bem tratada e, mesmo depois que
sabiam que eu era brasileira, não ouvi nenhuma piadinha ou comentário
desagradável, coisa que cansei de ouvir aqui no Japão.
Eles tem um
jeito um pouco rude, sim, é verdade. Os nossos padrões ocidentais de educação
não se encaixam muito lá. Mas, no meu caso, posso dizer que tive uma impressão
muito positiva do povo.
Onde eu fui
Delhi, Agra,
Jaipur (básico, né?), Mathura, Shimla e mais duas cidades em Uttar Pradesh:
Bijnor e Muzzafarnagar.
De Delhi eu
gostei muito do Chandi Chowk e dos monumentos históricos em geral. São
belíssimos. Uma surpresa para mim foi o Qutab Minar, que pensei que fosse meio
sem graça, mas quando cheguei lá vi a grandeza do monumento e a riqueza dos
detalhes.
De Agra, só
conheci mesmo Taj Mahal, cuja beleza é de deixar qualquer um boquiaberto.
Emocionante mesmo.
Jaipur acho
que foi o local que mais gostei. A cultura do Rajastão é belíssima e ali você
realmente sente que está na Índia. Imperdível mesmo.
Mathura (e
Vrindavan) foi outro lugar interessante, por causa da quantidade de templos e
onde tive a oportunidade de ver como é um culto hindu. Além disso, visitei o
templo dos estrangeiros, da Isckon, outro local interessantíssimo.
Shimla é uma
cidade bem bonitinha, mas não encheu muito os meus olhos porque é ocidental
demais e eu prefiro coisas mais asiáticas. Mas, vale a pena conhecer e visitar
o Kufri Fun World, onde pode-se ver os Himalaias e também a divisa com a China
e o monte Badrinath.
Conclusão
Aqui no
Japão, por causa da educação que eles recebem nas escolas, todos são obrigados
a se comportar da mesma forma e a não expressar seus sentimentos. É a famosa robotização
em massa, a qual o país faz há décadas. Então, por mais que tenham sentimentos,
eles os mantém reprimidos desde bem pequenos. São pessoas boas, sim. Mas falta
vida. E, vida é algo que encontrei de sobra na Índia. Lá você vê o pior e o
melhor, tudo em um lugar só. Você se sente humano, se sente vivo o tempo todo.
E, era algo que eu precisava muito após 6 anos de Japão.
Acredito que
a minha viagem á Índia, foi não só muito desejada, mas muito planejada, também.
Li muito antes de ir. Li muito o Indiagestão, guias turísticos, livros, etc.
Todas as informações foram extremamente válidas. Já li muitos depoimentos de
brasileiros que ficaram horrorizados com a Índia, mesmo em Delhi. Mas,
realmente, o que vi lá não foi muito diferente do que vi em 25 anos de Rio de
Janeiro. Mas, acho que tudo isso foi fruto de muita preparação. Fui de coração
aberto para aprender e conhecer tudo, sem julgar. No meu primeiro ano de Japão,
eu tentava comparar os japoneses com os brasileiros o tempo todo e isso não me
trouxe nada de bom. Depois que parei com isso, comecei a realmente me sentir
parte da sociedade, mesmo não concordando com tudo aqui. Mas, procurei me focar
nas coisas boas que eu tenho conquistado aqui. E, para a Índia, fui com o mesmo
sentimento: o de aprender e experimentar coisas novas, deixando o julgamento em
segundo plano.
Além
disso....quem sou eu para julgar um país cuja história tem milhares de anos,
sendo que o meu só tem pouco mais de 500 anos?
Só posso
dizer uma coisa: Depois de ter ido à Índia, parece que todos os outros países
que eu gostaria de visitar perderam um pouco a graça. Só para vocês verem o
tamanho poder e encanto que só a Incredible India exerce.
Um grande
abraço a todos!!!!
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