22 março 2006
Adaptação
Nâmaskar
Há diversos fatores que dificultam a adaptação de brasileiros na Índia.
Por ser algo muito pessoal não dá para dizer que o clima quente seja o fator número um e assim por diante, o que dá pra fazer é uma generalização baseada não somente na minha própria experiência como também na de dezenas de brasileiras que aqui estão e com as quais eu mantenho contato.
Nestes meus 8 anos de Índia observei que é muito difícil para nós brasileiros nos adaptarmos ao diferente conceito de higiene e limpeza dos indianos. Para nós a impressão inicial é de que simplesmente há uma total falta de noção por parte dos indianos do que venha a ser higiene e limpeza. Achamos tudo muito sujo, as cidades, as pessoas, as ruas, as lojas, nada escapa. Mas não podemos esquecer que o Brasil é um dos países do mundo que mais consome produtos de higiene e limpeza (sabonete, papel higiênico, desodorante etc.). Poderá ser que nós exageramos?
Eu tenho diversos ditados pessoais em relação a Índia, e um deles é de que ela “precisa de água e sabão”. E aí tocamos em outro ponto crucial, a enorme falta de água.
É impressionante a falta d’água que temos aqui!! Ao procurarmos uma casa/apartamento para alugar a primeira coisa há se fazer é ver se fica em bairro onde há maior ou menor quantidade de falta d’água. A falta d’água ocorre durante o ano todo mas agrava-se no verão e aqui temos um outro ponto, o verão prolongado.
O verão indiano começa em abril a vai até novembro. É um calor sufocante que chega até 46 graus e com uma umidade de cerca de 95%, em outras palavras, INSUPORTAVEL!! Até mesmos brasileiros das regiões norte e nordeste do Brasil reclamam muito do clima quando vem para cá durante o verão. Mumbai, Chennai e Kolkata são terríveis devido a umidade; e todo o estado de Kerala sofre com chuvas praticamente 9 meses por ano!
Falta de energia elétrica é outro problema a ser levado em consideração ao se alugar um imóvel e quem vem para Índia já deve saber que ao chegar aqui terá de comprar uma bateria (inverter) ou gerador se não quiser ficar no escuro.
Os animais são um outro problema sério. Todos os anos uma dezena de pessoas morre e sai ferida ao ser atacada pelas vaca, bois, macacos e búfalos que caminham livremente por toda parte.
Os macacos invadem as casas roubando comida e outras coisas que lhes chame a atenção, fazendo bagunça e atacando os moradores fisicamente. São muito agressivos.
Baratas e ratos é um problema comum e não há outro jeito a não ser a aprender a conviver com eles e tentar manter um controle rígido. As iscas para baratas e ratos brasileiros NãO funcionam aqui, já experimentei todas e de todas as marcas. A melhor solução que encontrei foi por “cobrinhas” em baixo das portas (aqueles rolinhos finos recheados com areia). Evitar que esses animais entrem é o melhor!!
Lagartixas e aranhas eu ignoro e não me são problema.
Mosquitos devem ser eliminados pois carregam todas as doenças tropicais possíveis e imagináveis. Telas nas portas e janelas é essencial, assim como usar ALL OUT (líquido conectado a um aparelhinho elétrico) e passar repelente no corpo para ficar ao livre.
Não dá para confiar no sistema de correio entre Brasil e Índia pois ou a correspondência é extraviada ou demora 2 meses para chegar!! A solução é usar correio eletrônico ou os serviços particulares de courier.
A maioria dos telefones residenciais aqui ainda não fazem ligações internacionais a menos que você peça por esta facilidade à operadora. Não se esqueça que NãO é possível fazer telefonema a cobrar entre Brasil e Índia pois estes países ainda não assinaram tal acordo.
A telefonia móvel (celulares) é barata e acessível.
Cyber cafés podem ser encontrados sem problemas por quase todo o país mas a conexão ainda é um pouco lenta.
Entender o inglês britânico com sotaque indiano é um desafio, mas com o tempo o ouvido vai se acostumando. O ideal é que a pessoa venha para cá com um nível médio de inglês e que aprenda algumas palavras e frases básicas na língua local.
Não adianta querer aprender a língua local com perfeição pois se você for para outro estado terá de aprender uma nova língua visto que há 15 línguas oficias.
Continua amanhã ...
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