Nâmaskar
Eu já estive em 3 templos jainistas em Kolkata e confesso que gostei muito deles. Bill Clinton, quando ainda era presidente dos EUA também esteve no mesmo templo coberto por mosaico de espelhos que eu estive.
Como hoje é um dia de celebração para os Jainistas, pois hoje é celebrado o aniversário do Mahavira, resolvi postar esta matéria sobre essa religião peculiar aqui da Índia.
O Jainismo foi originalmente, como o budismo, seu contemporâneo, um movimento de reforma dentro do hinduísmo.
Tomou depois forma como religião independente e existe até os dias de hoje, com mais de dois milhões de adeptos na Índia, concentrados sobretudo ao norte do país.
A palavra "Jainismo" ou "Jinismo" tem sua origem no verbo sânscrito "Jin" que significa "conquistador". O Jainismo foi criado no século VI A.C. por Vardhamana, conhecido como Mahavira (Grande Herói). Segundo alguns, contudo, o Jainismo teria surgido dois séculos antes, com Parsvanatha, cujo título honorífico de "vencedor" (jaina ou jina, donde jainismo), também dado a Mahavira, teria sido a origem do nome desta religião. De qualquer forma, coube a Mahavira desenvolver a nova religião.
Como Buda, ele pertencia à casta guerreira, na qual o movimento teve origem.
Tanto o Jainismo como o budismo reagiam contra as concepções existentes sobre a divindade e adotavam posição não-teísta.
Ambos, budismo e Jainismo, no início, protestavam contra o regime de castas e os privilégios dos brâmanes.
Não acreditando em deuses, espíritos ou demônios, os jainistas adotam uma metafísica muito complexa e até contraditória.
Dualistas, afirmam que o universo está dividido em duas categorias últimas e eternas: os seres vivos ou almas (jiva) e as coisas inanimadas ou materiais (ajiva). Entre as últimas distinguem quatro categorias: matéria, movimento, repouso e tempo.
Já os seres vivos constituem uma combinação de alma e matéria, reunidas pelo karma (ação) e divididos em oito classes com inúmeras subdivisões.
A salvação consiste em liberar-se dos laços materiais e alcançar o nirvana.
No Jainismo o princípio do ahimsa (não fazer mal a nenhuma criatura) é muito mais rigoroso do que no budismo, o que os torna vegetarianos rigorosos.
Mahavira foi um homem dos mais interessantes, só que pouco se ouve falar dele no ocidente. Era contemporâneo do Buda, nascido no mesmo solo indiano, mas dizem que os dois mestres espirituais nunca chegaram a se encontrar.
Mahavira foi o paradigma do asceta, o rei da disciplina e do autocontrole. Mas seu maior legado à humanidade talvez seja o conceito de ahimsa, ou não-violência que ele pegou do budismo. A mesma idéia que Mohandas "Mahatma" Gandhi, dois mil e quinhentos anos depois, tentou popularizar na Índia.
Mas o que é ahimsa, a não-violência? Uma boa definição é a seguinte: não causar nenhum mal a nenhum ser vivo, seja em ação, palavra ou pensamento.
O conceito é simples, mas aplicá-lo em nossas vidas não é fácil. Já não resolvemos mais no braço as pendengas da vida, mas nossa língua e nossa mente continuam craques em ferir as pessoas com quem convivemos.
Os jainistas mais radicais não caminham sem varrer o chão à frente, com receio de pisar nalgum inseto. Acham que toda vida é uma só vida, e que deve ser respeitada. Eles carregam sempre consigo uma espécie de espanador e sempre espanam o local antes de sentar, para não sentarem em nenhum ser vivo. Outra caracteriza é o fato de usarem máscaras de tecido branco na boca (como Michel Jackson) para não engolirem nenhum organismo vivo.
Há duas divisões básicas entre os jainistas, os Digambar e os Shwetambar. Os Digambar andam sempre nus, inclusive em público, mas nunca vão presos e a sociedade aceita perfeitamente os peladões caminhando pelas ruas do país.
Os Shwetambar vestem roupas brancas e não são adeptos do nudismo.
Por favor leia no arquivo do Indiagestão a postagem Mahamastakabhisheka
de 15 de fevereiro de 2006, onde eu explico um pouco sobre esta celebração jainista que sem dúvida nenhuma é a mais importante de todas para seus seguidores.
Incredible India! (slogan do governo indiano)
Om Shanti