the Wall Street Journal,
de Nova Déli e Mumbai
28/11/2007
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"Meu filho teria seguido meus passos dez anos atrás", diz Sanjaya Sharma, de 39 anos. Ele trabalha, como seu pai trabalhou, num crematório às margens do Rio Yamuna, em Nova Déli, onde piras funerárias abertas ficam sobre cem vigas de concreto. O trabalho de Sharma é garantir que os corpos estejam totalmente cremados e, se os filhos do defunto não estiverem disponíveis, furar crânios com uma vara num ritual sagrado hindu. Um dos trabalhos mais humildes da sociedade indiana paga a Sharma 200 rupias, ou cerca de US$ 5, por dia. |
Agora, o pai de cinco filhos diz: "Não quero que meus filhos façam o que eu faço. Quero que entrem para o mundo dos negócios, se eduquem, tenham uma profissão respeitável, aprendam computação e ganhem seu sustento." Sharma e sua mulher estimulam a filha mais velha, Khushboo, de 14 anos, a ter boas notas na escola. Khushboo afirma que quer "ter um bom emprego no setor privado em Bombaim ou na América", usando o nome antigo da cidade de Mumbai. |
Essa nova sensação de possibilidade entre os indianos, muitos dos quais nas classes mais baixas, é uma das mais profundas conseqüências sociais do grande despertar econômico deste país de 1,1 bilhão de habitantes. |
O crescimento econômico tem sido, em média, de 8,6% ao ano nos últimos quatro anos, uma taxa que, se sustentada, dobraria a renda média em dez anos. Empresas indianas estão comprando rivais ocidentais. Levas de profissionais indianos, por sua vez, estão voltando do estrangeiro por enxergar aqui mais chances de sucesso empreendedor. Indianos mais pobres estão mudando de vilarejos para cidades em busca de novos empregos e vida melhor. |
Dados demográficos sugerem que o boom econômico da Índia vai continuar. Cerca de um terço da população do país tem menos de 15 anos. Nos próximos cinco anos, a Índia será responsável por quase 25% do aumento da população em idade de trabalho no mundo, segundo um relatório de outubro do Banco Mundial. A população da China, em comparação, está envelhecendo depressa: prevê-se que sua população em idade de trabalho vá cair de 67% do total em 2000 para 57% em 2050, segundo outro estudo do Banco Mundial, divulgado em setembro. |
A Organização para a Cooperação o Desenvolvimento Econômico declarou recentemente que a Índia se tornou em 2006 a terceira maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China, com base na paridade do poder de compra, que ajusta as taxas de câmbio para equalizar o custo de produtos em diferentes países. |
A recente ebulição da Índia contrasta com os trágicos aspectos deste país tão antigo. Muitos de seus habitantes rurais, que representam cerca de 70% da população, ainda vivem sob uma pobreza brutal. Subnutrição, mortalidade infantil e outras doenças são comuns, especialmente no campo, porque vários governantes deixaram de investir em saúde e muitos fundos públicos e de organizações assistenciais destinados aos pobres são desviados pela corrupção. |
E não é a primeira vez que a Índia sente esse tipo de otimismo. Quando o país se tornou independente, seus líderes acreditavam que a nação poderia garantir para si um papel único como uma democracia secular e tolerante, especialmente se a mão firme do Estado estivesse no timão da economia. Desde então, a estabilidade da Índia tem sobrevivido à turbulência que freqüentemente assola o vizinho Paquistão, que se tornou independente no mesmo ano. Mas o desempenho econômico da Índia nas décadas após a independência foi tão ruim que se tornou conhecido pejorativamente como a "taxa hindu de crescimento". |
A Índia também já teve fases de rápido crescimento econômico antes. Foram três só nos anos 90, mas o boom acabou quando veio a crise financeira da Ásia. |
Mas há pouco que se compare com o que está acontecendo em grande parte do país hoje - mudanças que estão alterando a maneira como as pessoas vivem e suas aspirações. Empresas de turismo doméstico estão batendo recordes de reservas. Um anúncio da IFB Industries Ltd., uma fabricante de máquinas de lavar, secadoras e microondas, mostra uma jovem sorridente olhando para uma planilha em seu laptop. "Preocupada com o trabalho da casa?", pergunta o anúncio. "Liberte-se com IFB." |
As oportunidades abertas para jovens indianos são vastas agora em comparação com poucos anos atrás, e vão muito além de informática e call centers. Novos setores inteiros, livres do controle estatal, oferecem uma novo e mais amplo leque de opções. |
"Na minha comunidade, você só podia ser engenheiro ou médico",
diz Sunil Ji Bhat, de 22 anos, um membro do Kashmiri Pandit,
grupo de Brahmins de Caxemira, uma localidade predominantemente
muçulmana. Sob o antigo, mas ainda influente, sistema de castas,
os Brahmins estão no topo. As castas de guerreiros, mercadores e
operários ficam para baixo. "Agora, novas coisas estão
aparecendo: seguros, jornalismo, administração de hotéis, e
os jovens são muito atraídos para esses novos campos."
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Para mim este artigo esta otimista demais. Eh a famosa propaganda indiana que tenta vender a você ocidental uma imagem da Índia que na realidade NAO existe; assim como ocorreu na década de 60, 70, 80 e 90 quando te venderam a imagem de uma Índia espiritualizada que também não existe.
Naquela época "esqueceram" de te contar que a Índia espiritualizada mata os fetos e os bebes femininos, mata as viuvas de fome ou de sati, pratica sacrifícios humanos e animais, permite o casamento infantil e de crianças com adultos etc....
Agora estão se esquecendo de te contar que a economia esta baseada na FOME e na EXPLORACAO infantil e de adultos que trabalham como escravos por somente 1 prato de comida e 200 rupias por mês (10 Reais)
Foto: Mulher dalit varrendo fezes de esgoto a ceu aberto.