04 abril 2008
Ibira na India - Parte 12
(Rua central de Jaipur, com as fachadas "rosas" e as lojinhas de artesanato)
(Amber Fort)
(Jantar Mantar, observatorio astronomico do seculo XVIII)
Namaskar
Hoje vou guardar esse relato para contar sobre minha experiencia em Jaipur, nos dias 27 e 28 de marco.
Pra comecar, preciso dizer que Jaipur eh a capital do estado do Rajastao, um estado famoso por seus grandes fortes e palacios da epoca dos marajas. Isso significa que dois dias para Jaipur eh suficiente caso eu use os dois dias completos, nao metade de cada... enfim... resolvi que iria de manha para la, saindo de Delhi, mas so consegui o onibus por volta das dez da manha e acabei chegando na cidade quase tres da tarde. Fui direto ao City Palace, o que foi um dia o palacio de um maraja. Minha ideia era, depois de la, ir ao Jantar Mantar (um observatorio astronomico da mesma epoca do maraja) antes que ele fechasse, as 17hs. De fato, consegui sair do City Palace as 16:45, mas, como toda cidade indiana, quem disse que encontrar as coisas eh facil? Fui pro lado errado, pra variar.
So que como pra mim o lado errado pode ser tambem o lado de novas descobertas e experiencias e diversoes, entao tudo bem; afinal, nunca sei que o lado eh errado ate perceber que o meu objetivo esta para o outro lado... enfim, nesse caso o meu lado errado virou a avenida principal do centro de Jaipur, lotada de lojinhas e vendedores abordantes pentelhos. Embora eu nao quisesse comprar nada ali naquela hora (porque eu ainda pretendia encontrar o Jantar Mantar) continuei andando e olhando pra tudo, ate que alguem me abordou.
Curiosamente, o rapaz que apareceu nao estava me oferecendo nada - so queria conversar e saber de mim, como um bom indiano curioso que era. Parei para conversar com ele e desisti do Jantar Mantar (ja eram 16:55...). Eu iria dormir uma noite so la, e como as atracoes turisticas fecham as 17hs, eu teria horas livres pra conversar com quem eu quisesse. Fiquei coversando com ele, que se chamava Bali, ate aparecer do lado dele um outro rapaz tanto curioso quanto. Esse outro cara, depois de mais um tempinho, perguntou se eu nao queria um cha (o famoso chai indiano, que se pronuncia tchai). Exitei por um momento, ate que ele falou para eu entrar na loja deles (ai que percebi que os dois trabalhavam juntos) e tomar um cha, enquanto poderiamos prosseguir a conversa sentados. Sendo dentro da loja eh mais confiavel, entao fui.
Tomei o cha na loja (que era de joias) e conheci mais um cara. Descobri que eles sao em mais gente, e que cada um mora em um canto do mundo "exportando" pedras para Jaipur. Um inclusive, mora no Brasil. Me propuseram, a serio, que eu tambem me tornasse um fornecedor deles, virando membro da "gangue", por assim dizer. Apenas respondi que era uma boa ideia e dei mais um gole no cha. Conversa vai, conversa vem, o segundo cara perguntou se eu nao queria conhecer uma cooperativa de artesoes, sem compromisso (tava demorando ...)... acabei aceitando, mais pela curiosidade de ver a cooperativa. Fomos com o carro dele, ate a periferia de Jaipur. La de fato conheci a cooperativa e vi umas pessoas visivelmente pobres tingindo tecidos em caldeiroes de todos os tamanhos, com tintas naturais. Mas depois disso, claro, fui levado para a loja deles, ali do lado. Ganhei mais um copinho de cha enquanto via as milhoes de pecas que eles tinham. Acabei comprando algumas coisas e fomos embora.
Voltamos pra loja dos rapazes e pedi ajuda para encontrar algum hotel barato, mas que fosse razoavel. Disseram que me ajudariam, sem problemas, mas o terceiro cara me perguntou se eu nao gostaria de conhecer o guru dele antes. Eu fiquei desconfiado e perguntei se eu nao teria que pagar por isso, mas ele disse que nao. Entao eu topei. Na hora de ir, porem, o cara do carro nao estava mais la e deveriamos ir de moto - so que tres na moto. Por sorte eu estava com a minha mochila e fiquei por ultimo, nao no meio... quando eu penso que as opcoes de meio de transporte indianos acabaram vem mais uma surpresa... nos passamos pelas vielinhas estreitas de Jaipur, das tipicas cidades indianas antigas, com direito a vacas, bodes, cabras e ratos no caminho, ate chegarmos ao tal guru, que tambem era dono de uma bela duma loja de joias. Conversei com ele, mas confesso que nao houve nada de especial. Eu apenas deveria voltar no dia seguinte de manha, pois ele me daria um pequeno amuleto.
Bom, apos isso, meus novos amigos me levaram a um hotel razoavel de um conhecido deles, que me cobrou 250 rupias (cerca de 12 reais). Logico que nao era as mil maravilhas e eu nem queria isso, mas tinha TV!
No dia seguinte os meus planos inciais era ir logo cedo no Jantar Mantar, para guardar os horarios todos possiveis para visitar os fortes das redondezas de Jaipur. So que eu deveria passar no guru as 11 da manha, o que atrapalhou todos os meus planos. Mas enfim, meus amigos passaram de moto pra me pegar no hotel e la fomos nos de novo, tres na moto, nas vielas apertadas de Jaipur. Ganhei meu amuleto e de la eles me deixaram num ponto de autoriquixa para ir ao Amber Fort, o maior e mais famoso forte de Jaipur. Estava la um riquixa parado, prestes a sair com um estrangeiro. Peguei junto com ele. No caminho, descobri que o rapaz era tcheco e que estava mochilando na India desde novembro, de norte a sul, leste a oeste.
Vi o Amber Fort, que realmente eh bem grande, mas infelizmente nao pude ir para outros fortes proximos, ja que eu deveria voltar para a cidade, ver, finalmente, o Jantar Mantar, e pegar o onibus de volta para Delhi. Pois foi o que fiz. Ao chegar de volta na cidade, descobri o quao perto estava o Jantar Mantar da saida do City Palace, que eu havia visto no dia anterior. Logico que se eu soubesse eu teria ido la tambem no dia anterior, e teria ganho mais tempo para ver mais coisas de cunho turistico. Mas por outro lado, nao teria conhecido aqueles caras, nao teria ido na cooperativa, nao teria conhecido o guru, nao teria andado de moto, a tres, em vielas apertadas com vacas, bodes e cabras, e nem recebido uma proposta de emprego na gangue... ah sim, e nao teria ouvido na voz de um indiano (no caso, o que estava dirigindo a moto), que a India eh incredible. Incredible India!!!
Entao vi, finalmente, o Jantar Mantar, gostei, e sai para andar mais um pouquinho na rua central. Vi tambem o famoso Hawa Mahal (Palacio dos Ventos), que me decepciou, e fui caminhando. Iria apenas comer alguma coisa e pegar o onibus. Na rua, porem, o Bali me aparece de novo, perguntando se eu nao queria almocar com eles. Aceitei. Entramos na loja deles, ficamos sentados no chao, enquanto um outro chegaria com o almoco. Quando o almoco chegou, eles fecharam a loja e comemos ali mesmo, no chao, e com as maos. Enquanto comiamos, de repente, uma tempestade de areia passou pela cidade, mas nao durou muito. Mas embora o vento forte tenha passado, o ar ficou completamente empoeirado e o sol desapareceu, inclusive na hora que eu fui pegar o onibus.
Esses foram meus meios dois dias em Jaipur, que do planejado quase nada aconteceu, e do nao planejado quase tudo ocorreu. O proximo relato, finalmente, sera sobre minha nao menos incredible experiencia no himalaia, que aconteceu no dia 3 de abril.
Om Shanti
(Amber Fort)
(Jantar Mantar, observatorio astronomico do seculo XVIII)
Namaskar
Hoje vou guardar esse relato para contar sobre minha experiencia em Jaipur, nos dias 27 e 28 de marco.
Pra comecar, preciso dizer que Jaipur eh a capital do estado do Rajastao, um estado famoso por seus grandes fortes e palacios da epoca dos marajas. Isso significa que dois dias para Jaipur eh suficiente caso eu use os dois dias completos, nao metade de cada... enfim... resolvi que iria de manha para la, saindo de Delhi, mas so consegui o onibus por volta das dez da manha e acabei chegando na cidade quase tres da tarde. Fui direto ao City Palace, o que foi um dia o palacio de um maraja. Minha ideia era, depois de la, ir ao Jantar Mantar (um observatorio astronomico da mesma epoca do maraja) antes que ele fechasse, as 17hs. De fato, consegui sair do City Palace as 16:45, mas, como toda cidade indiana, quem disse que encontrar as coisas eh facil? Fui pro lado errado, pra variar.
So que como pra mim o lado errado pode ser tambem o lado de novas descobertas e experiencias e diversoes, entao tudo bem; afinal, nunca sei que o lado eh errado ate perceber que o meu objetivo esta para o outro lado... enfim, nesse caso o meu lado errado virou a avenida principal do centro de Jaipur, lotada de lojinhas e vendedores abordantes pentelhos. Embora eu nao quisesse comprar nada ali naquela hora (porque eu ainda pretendia encontrar o Jantar Mantar) continuei andando e olhando pra tudo, ate que alguem me abordou.
Curiosamente, o rapaz que apareceu nao estava me oferecendo nada - so queria conversar e saber de mim, como um bom indiano curioso que era. Parei para conversar com ele e desisti do Jantar Mantar (ja eram 16:55...). Eu iria dormir uma noite so la, e como as atracoes turisticas fecham as 17hs, eu teria horas livres pra conversar com quem eu quisesse. Fiquei coversando com ele, que se chamava Bali, ate aparecer do lado dele um outro rapaz tanto curioso quanto. Esse outro cara, depois de mais um tempinho, perguntou se eu nao queria um cha (o famoso chai indiano, que se pronuncia tchai). Exitei por um momento, ate que ele falou para eu entrar na loja deles (ai que percebi que os dois trabalhavam juntos) e tomar um cha, enquanto poderiamos prosseguir a conversa sentados. Sendo dentro da loja eh mais confiavel, entao fui.
Tomei o cha na loja (que era de joias) e conheci mais um cara. Descobri que eles sao em mais gente, e que cada um mora em um canto do mundo "exportando" pedras para Jaipur. Um inclusive, mora no Brasil. Me propuseram, a serio, que eu tambem me tornasse um fornecedor deles, virando membro da "gangue", por assim dizer. Apenas respondi que era uma boa ideia e dei mais um gole no cha. Conversa vai, conversa vem, o segundo cara perguntou se eu nao queria conhecer uma cooperativa de artesoes, sem compromisso (tava demorando ...)... acabei aceitando, mais pela curiosidade de ver a cooperativa. Fomos com o carro dele, ate a periferia de Jaipur. La de fato conheci a cooperativa e vi umas pessoas visivelmente pobres tingindo tecidos em caldeiroes de todos os tamanhos, com tintas naturais. Mas depois disso, claro, fui levado para a loja deles, ali do lado. Ganhei mais um copinho de cha enquanto via as milhoes de pecas que eles tinham. Acabei comprando algumas coisas e fomos embora.
Voltamos pra loja dos rapazes e pedi ajuda para encontrar algum hotel barato, mas que fosse razoavel. Disseram que me ajudariam, sem problemas, mas o terceiro cara me perguntou se eu nao gostaria de conhecer o guru dele antes. Eu fiquei desconfiado e perguntei se eu nao teria que pagar por isso, mas ele disse que nao. Entao eu topei. Na hora de ir, porem, o cara do carro nao estava mais la e deveriamos ir de moto - so que tres na moto. Por sorte eu estava com a minha mochila e fiquei por ultimo, nao no meio... quando eu penso que as opcoes de meio de transporte indianos acabaram vem mais uma surpresa... nos passamos pelas vielinhas estreitas de Jaipur, das tipicas cidades indianas antigas, com direito a vacas, bodes, cabras e ratos no caminho, ate chegarmos ao tal guru, que tambem era dono de uma bela duma loja de joias. Conversei com ele, mas confesso que nao houve nada de especial. Eu apenas deveria voltar no dia seguinte de manha, pois ele me daria um pequeno amuleto.
Bom, apos isso, meus novos amigos me levaram a um hotel razoavel de um conhecido deles, que me cobrou 250 rupias (cerca de 12 reais). Logico que nao era as mil maravilhas e eu nem queria isso, mas tinha TV!
No dia seguinte os meus planos inciais era ir logo cedo no Jantar Mantar, para guardar os horarios todos possiveis para visitar os fortes das redondezas de Jaipur. So que eu deveria passar no guru as 11 da manha, o que atrapalhou todos os meus planos. Mas enfim, meus amigos passaram de moto pra me pegar no hotel e la fomos nos de novo, tres na moto, nas vielas apertadas de Jaipur. Ganhei meu amuleto e de la eles me deixaram num ponto de autoriquixa para ir ao Amber Fort, o maior e mais famoso forte de Jaipur. Estava la um riquixa parado, prestes a sair com um estrangeiro. Peguei junto com ele. No caminho, descobri que o rapaz era tcheco e que estava mochilando na India desde novembro, de norte a sul, leste a oeste.
Vi o Amber Fort, que realmente eh bem grande, mas infelizmente nao pude ir para outros fortes proximos, ja que eu deveria voltar para a cidade, ver, finalmente, o Jantar Mantar, e pegar o onibus de volta para Delhi. Pois foi o que fiz. Ao chegar de volta na cidade, descobri o quao perto estava o Jantar Mantar da saida do City Palace, que eu havia visto no dia anterior. Logico que se eu soubesse eu teria ido la tambem no dia anterior, e teria ganho mais tempo para ver mais coisas de cunho turistico. Mas por outro lado, nao teria conhecido aqueles caras, nao teria ido na cooperativa, nao teria conhecido o guru, nao teria andado de moto, a tres, em vielas apertadas com vacas, bodes e cabras, e nem recebido uma proposta de emprego na gangue... ah sim, e nao teria ouvido na voz de um indiano (no caso, o que estava dirigindo a moto), que a India eh incredible. Incredible India!!!
Entao vi, finalmente, o Jantar Mantar, gostei, e sai para andar mais um pouquinho na rua central. Vi tambem o famoso Hawa Mahal (Palacio dos Ventos), que me decepciou, e fui caminhando. Iria apenas comer alguma coisa e pegar o onibus. Na rua, porem, o Bali me aparece de novo, perguntando se eu nao queria almocar com eles. Aceitei. Entramos na loja deles, ficamos sentados no chao, enquanto um outro chegaria com o almoco. Quando o almoco chegou, eles fecharam a loja e comemos ali mesmo, no chao, e com as maos. Enquanto comiamos, de repente, uma tempestade de areia passou pela cidade, mas nao durou muito. Mas embora o vento forte tenha passado, o ar ficou completamente empoeirado e o sol desapareceu, inclusive na hora que eu fui pegar o onibus.
Esses foram meus meios dois dias em Jaipur, que do planejado quase nada aconteceu, e do nao planejado quase tudo ocorreu. O proximo relato, finalmente, sera sobre minha nao menos incredible experiencia no himalaia, que aconteceu no dia 3 de abril.
Om Shanti
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