Quando a Sandra me pediu para escrever sobre a Índia, pensei como escreveria sobre um país tão diferente. Mas a minha estada na Índia foi algo tão especial e marcante que fico feliz em poder compartilhar isso com vocês, leitores do Indi(a)gestão.
Você pode amar a Índia e achar que é o país mais fascinante do mundo, ou detestar, e achar que é o lugar mais horroroso onde já esteve, mas nunca, nuca mesmo, sentir-se indiferente. É impossível viajar a Índia e voltar sendo a mesma pessoa. É impossível não passar a ver tudo com um outro olhar.
Passei 20 dias nessa Incredible Índia e posso dizer que foi a experiência mais interessante de toda minha vida. Sim, eu amei a Índia. Sempre quis visitar o país, mas não fazia a menor idéia do que iria encontrar. Fiquei a maior parte de minha viagem em Nova Delhi, mas conheci Mumbai, Bangalore e Coimbatore – no sul.
Estou no último ano de jornalismo e fui com o propósito de fazer meu Trabalho de Conclusão de Curso – um livro-reportagem sobre a condição social das mulheres indianas. Muitos disseram que eu era louca, na verdade continuam dizendo. “Uma garota brasileira viajando sozinha para a Índia e com o objetivo de estudar a violência contra a mulher indiana e conhecer o que tem sido feito para reverter essa situação tão triste”??? rsss Tenho que concordar que não é muito comum! Muitos disseram que eu deveria estudar a condição social das mulheres brasileiras e ir para o Pernambuco onde centenas de mulheres são mortas, vítimas de violência. Mas eu escolhi a Índia, pois acredito que o país vive um momento de mudanças. O crescimento econômico tem levado os indianos a sofrerem uma crise de valores. Um contraste cultural entre as tradições milenares e o American Way of Life! Um embate entre o saree e a calça jeans, o tali, paneer, naan e o MC Donald’s e a Pizza Hut.
Comecei a ler o Indi(a)gestão 7 meses antes de embarcar para essa aventura. E as palavras de Sandrinha me ensinaram MUITO, foram nelas que me inspirei, e foram fundamentais para que ao desembarcar no aeroporto de Delhi eu não surtasse e voltasse imediatamente para o Brasil. Sim, porque para os desavisados, essa é a primeira reação que se tem ao chegar na Índia. Por isso estude muito antes de ir para lá. Leia muito e, principalmente, converse com pessoas que já foram para lá. (Leia TODO o Indi(a)gestão antes de ir)!
Precisei viajar no mês de junho e julho – VERÃO - os piores meses para se estar na Índia. Mas não foi por falta de aviso... né San!! Aproveitei minhas férias tanto da faculdade quanto de meu trabalho. Era a única época do ano que poderia viajar.
O calor é realmente insuportável, e por mais espírito aventureiro que você tenha, é impossível não se irritar com o calor e a umidade da Índia. Tive muita sorte e não sofri com a temível diarréia indiana. Na realidade me dei muito bem com a comida indiana que apesar de MUITO apimentada, é deliciosa.
Uma das coisas que me deixou mais enlouquecida foi o trânsito indiano. Não existem faixas, ninguém respeita os semáforos e a cada 3 segundos eles buzinam! É uma maluquice! E atravessar a rua é uma aventura que vocês não fazem idéia! É preciso ter muito cuidado e ser bem corajoso.
Entender o inglês indiano foi outro desafio. No início parecia outro idioma e demorei uns dias para acostumar meus ouvidos a esse sotaque tão peculiar! Assim que desembarquei em Delhi peguei um táxi e iniciei uma conversa com o motorista. Ele respondeu em uma língua estranha e então pedi por favor que ele falasse em inglês. Qual não foi minha surpresa quando ele disse: mas senhora, estou falando em inglês!!! Sim, é desesperador.
Algo que aprendi na Índia foi barganhar. Nunca barganhava no Brasil e precisei aprender essa lição bem rapidinho para não ser enrolada. Não é fácil negociar com os indianos, mas é uma experiência interessante. Para eles a negociação é praticamente um ritual e eles só terminam quando você disser que está satisfeita e feliz com o preço e o produto. É bem engraçado, mas também muito estressante. Tem horas que tudo o que se quer é pagar o preço justo e ir embora. Mas não na Índia, lá é preciso negociar absolutamente tudo!
Outra coisa que me deixou perplexa foi a extrema falta de noção de higiene da população. As ruas são verdadeiras lixeiras e banheiros públicos. Os mercados nas ruas são imundos, há muitas moscas, principalmente no verão, e poucos conservam hábitos de higiene básicos como lavar as mãos ou escovar os dentes. Enfim, não é para menos que as doenças se proliferam. Uma particularidade é os milhares de usos que o jornal tem na Índia. É algo de grande utilidade para eles. rsss Pode ser uma toalha de mesa, um saquinho de pão ou peixe, também pode ser guardanapo!! Mas as notícias diárias de estupro e violência, eles acham melhor ignorar.... Com relação a higiene, também é nojento a forma como eles cospem nas ruas, é um hábito constante!! Arrotar e peidar não ficam atrás no quesito “nojento”.
Continua amanhã...
Foto: Agnes (esquerda), Sandra (direita)