2 de junho de 2007

Autobiografia de Gandhi - Parte 9



02/06/2007

Continuando com a autobiografia de Gandhi....

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No capítulo ALFABETIZAÇÃO, Gandhi confessa que não sabia Tamil e Urdu suficientemente bem, mas que atuou como professor na comunidade Phoenix ensinando as crianças o pouco que sabia. Ensinou também Gujarati, Hindi e um pouco de Sânscrito.

Certa vez um aluno mal-educado, mentiroso e desobediente levou Gandhi ao desespero, que apanhou uma régua e deu uma reguada no garoto. “I picked up a ruler lying at hand and delivered a blow on his arm.” Em seguida, ao ver o garoto chorar, Gandhi se arrependeu e nunca mais bateu em seus alunos. (Onde fica a Ahimsa???) Eu lecionava mas nunca bati em aluno nenhum, muito menos dar um reguada, ainda mais que naquela época as réguas eram de madeira.

Neste capítulo ele também diz que bateu uma única vez em um de seus filhos, mas não diz em qual deles ou o motivo.

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No capítulo ENCONTRO COM GOKHALE Gandhi conta que o movimento Satyagraha terminou em 1914 na África do Sul. Ele recebeu instruções de Gokhale para retornar a Índia via Londres e assim ele o fez em julho de 1914.

Durante a viagem Gandhi implicou com seu amigo Sr. Kallenbach pois este possuía um binóculos de que gostava muito. Gandhi achava que o binóculos era uma possessão material que não combinava com o ideal de simplicidade adotado por ele, assim sendo, Gandhi pegou o binóculos do companheiro e jogou-o ao mar durante a viagem de navio de retorno a Londres.

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O capítulo MINHA PARTICIPAÇÃO NA GUERRA refere-se a participação de Gandhi na 1 Guerra Mundial.

Gandhi era fiel a Inglaterra e não achava oportuno trai-la em um momento de necessidade como este. Seus amigos viam a guerra como uma oportunidade para tentar a independência da Índia, mas Gandhi discordava e acreditava que os indianos deveriam ajudar a Inglaterra na guerra.

Gandhi se voluntariou para participar no serviço de ambulância e primeiros socorros. Assim, Gandhi participou de 3 guerras, 2 na África do Sul (Boer e Zulu) e na 1 Guerra Mundial em Londres.

No capítulo DILEMA ESPIRITUAL Gandhi tenta convencer os amigos de que sua participação nas guerras não ia contra os preceitos da não-violência (Ahimsa), mas seus amigos discordavam. Porém quando Gandhi descobriu que não seria o líder da corporação de voluntários indianos que ele mesmo formou para participar da guerra, revoltou-se e criou uma pequena Satyagraha. Gandhi havia organizado tudo e juntado 80 voluntários indianos, mas acabou ficando acamado. (Freud explica. Para quem estudou psicanálise, este livro é um prato cheio).

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No capítulo TRATAMENTO DA PLEURITE, Gandhi apesar de estar com pleurite recusou-se a tomar leite para se recuperar. Finalmente Gandhi se recupera e retorna a Índia após ter ficado 10 anos fora.

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Já na Índia, Gandhi quis ter um ashram em Gujarat, sua terra natal, nos moldes da fazenda Phoenix (comunidade alternativa auto-suficiente) que havia criado na África do Sul. Como ele não possuía nenhuma verba para isso, seu amigo Gokhale comprou o ashram e arcou com todas as despesas para ele.

Enquanto isso, as pessoas da fazenda Phoenix ficaram provisoriamente em Shantiniketan. O interessante é que Gandhi conta que fez experimentos na escola do “poeta” porém não o chama pelo nome – Tagore. (Veja foto)

Gandhi era partidário da filosofia do trabalho e adorava por as pessoas para trabalharem executando diversas tarefas. Ele fez isto também na escola de Tagore em Shantiniketan.

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Este capítulo, PASSAGEIRO DE TERCEIRA CLASSE é interessante pois Gandhi fez questão de viajar de trem na 3 classe com sua esposa e um dos filhos e reclama da falta de fila e organização para comprar as passagens.

Todos sabem que na terceira classe o bicho pega, ainda mais na Índia, mas Gandhi prefere reclamar.

Por fim, o filho conseguiu lugar no vagão superlotado da terceira classe mas Gandhi e a esposa preferiram entrar numa classe melhor. O fiscal os pegou pois é comum pessoas com passagens de classes inferiores quererem entrar nas classes melhores do trem; e Gandhi teve que pagar a diferença do preço da passagem.

Gandhi não poupa críticas sobre os indianos e desabafa dizendo “But the rudeness, dirty habits, selfishness and ignorance of the passengers themselves are no less to blame. The pity is that they often do not realize that they are behaving ill, dirtily or selfishly. They believe that everything they do is in the natural way.” A verdade é que infelizmente de 1927 até hoje, 2007, pouca coisa mudou no rude comportamento dos indianos que continuam sem noções básicas de higiene e limpeza; e muito menos de formação de fila. A Índia vive no passado.

Não só de trem, mas também de navio, Gandhi passou a viajar de terceira classe. Ele não chegou a fazer um voto oficial de pobreza, mas passou a viver de modo simples desde a criação da Satyagraha.

É muito interessante ir lendo e ir acompanhando a modificação interior e exterior de Gandhi. Sim, exterior também pois ele descreve suas vestimentas. Desde a época da Inglaterra onde andava bem alinhado e gastava dinheiro com roupas boas e cartola, até praticamente andar semi-desnudo e careca na Índia. Lembre-se que na África do Sul ele foi expulso do trem por querer andar na primeira classe!!! Como já disse antes, ele mudou muito mesmo.

Gandhi tinha por hábito fazer cortesia com o chapéu alheio e no capítulo KUMBHA MELA ele oferece-se para cuidar das latrinas porém põem o filho Manganlal para executar o serviço sujo. “The offer was naturally made by me, but was Manganlal Gandhi who had to execute it.” Esta questão da limpeza das latrinas era uma coisa muito importante para ele.

Há uma cena no filme Gandhi onde ele tem uma briga com a esposa pois ela recusa-se a limpar as latrinas.

Ainda neste capítulo da Kumbha Mela, Gandhi fica horrorizado com a exploração da fé das pessoas e conta como ficou assombrado ao descobrir que a vaca de 5 pernas na verdade era falsa e que os indianos simplesmente cortam a perna de um bezerro vivo e costuram no ombro de uma vaca normal. Para ele isso era uma tamanha crueldade para com os animais. “The result of this double cruelty was exploited to fleece the ignorant of their money.”

FOTOS: Gandhi com o poeta Tagore e Gandhi desembarcando de um trem.

Aguarde continuação…

Om Shanti

Um comentário:

  1. Oi Sandrinha estou tão emocionada com tudo que estou lendo, que o silencio é uma prece. Quando tomei contato pela primeira vez com a historia da vida do Gandhi fiquei tão apaixonada por ele que comprei tudo o que achava aqui sobre ele. Assisti ao ilme acho que mais de dez vezes e ainda vou assistir mais, é como se pudesse ficar ao lado dele um pouquinho. Sabe, quando falei de andar no trem em cima, foi no filme que vi... tam bém tinha um sonho de ir a Índia e me vestir de indiana, como fez a inglesa que foi para lá ficar com ele. Na realidade eu gostaria de refazer todo otrageto que ele fez no filme. Numa época em que Hitler andava pelo mundo, só mesmo uma alma grandiosa para quebrar um pouco das vibrações negativas.

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