03 abril 2007

Um Indiano no Brasil


Nâmaskar




Veja a opinião de um indiano sobre o Brasil. 

Pedi ao  Dr. Santosh Kumar que escrevesse suas impressões sobre o Brasil durante os 6 meses em que aí morou. Segue abaixo o texto que ele me enviou, ja traduzido para o portugues.




Eu sou o Dr. Santosh. Eu tive o prazer de visitar o Brasil de Setembro, 2005 a Março, 2006.


Não é necessário dizer que eu viajei para o outro lado do mundo, da minha terra natal, Índia.


Eu fui para um país que não tem o inglês como língua de comunicação. Mas isso não me desencorajou porque eu estava indo para ficar com minha então namorada. Eu estava preparado para ver e encarar hábitos, comida e uma cultura totalmente diferente.


Eu tinha certeza de que não importa onde, os seres humanos são os mesmos em todo o mundo e tem as mesmas emoções de prazer, dor, amor, felicidade, tristeza, inveja, orgulho e choro.


Eu me diverti muito durante minha estada de 6 meses. Eu conheci pessoas maravilhosas muito amigáveis, hospitaleiras, que fazem você sentir-se bem-vindo e acima de tudo humildes.


Eu tive não só a oportunidade de viajar para certos lugares mas também de participar e testemunhar varias atividades sociais, culturais e religiosas que eu devo dizer, foram um aprendizado. Embora eu tenha viajado bastante, eu fiquei basicamente no Rio de Janeiro e a maioria de minhas experiências baseiam-se lá.


Eu fiz um curso de Reiki. Eu fiz parte de um grupo de experts em Reiki que me levaram com eles a diversos hospitais do Rio de Janeiro e me fizeram dar energia de cura a idosos e doentes.


Nestes hospitais, Eu recebi atenção especial pois as pessoas acreditavam firmemente que isso fosse uma antiga ciência Indiana e todos queriam receber o tratamento dado por mim. No inicio foi estranho pois ninguém do grupo entendia ou falava inglês. Nos comunicávamos por sinais e o pouquinho de Português que eu aprendi com o passar do tempo.


Eu tive lições particulares de Português em casa e embora eu não tivesse aprendido muito, eu era capaz de entender mais. Embora há mais de um ano eu não fale ou pratique Português, eu ainda me lembro o pouco que aprendi.


O Rio era como um lar para mim pois morei lá como um habitante e não como turista.


Eu fui a cursos de inglês como Wizard, Yes, Cultura... e dei palestras aos alunos sobre a Índia e diversos assuntos. Eu sabia que precisava falar devagar porque os alunos não estavam acostumados com meu modo de falar inglês. Muitos me olhavam espantados devido ao meu sotaque e talvez até devido a minha aparência pois meu modo de vestir não era o mesmo modo casual dos Cariocas.


Naturalmente eles estavam curiosos sobre mim e meu país e eu os incentivei a me fazerem perguntas para que eu as respondesse. Assim eles tiveram que falar em inglês... coisa que não haviam feito antes, pondo a perder seus estudos em inglês.


Eu fiquei chocado como os jovens encaram os estudos. Eles nunca estudam. Eles não sabiam nada de nada. Eles não tinham nenhuma ambição, nenhum hoby ou interesse especial por nada. A única coisa que todos os jovens queriam sem exceção era um telefone celular, Internet e uma namorada ou namorado. Os pais não os encorajavam a estudar e isso não foi só no Rio, mas em Salvador, São Paulo... nas grandes cidades.


Se isso se dava nas cidades grandes, nas menores era pior. Eu não conheci nenhum jovem realmente interessado em fazer nível superior. Eu conheci dois alunos bons e fiquei feliz em conhece-los. Se os jovens de um país não se interessam em estudar... isso é péssimo para o futuro do país pois os jovens de hoje serão os lideres de amanhã e se são analfabetos, nada poderá ser feito para melhorar a situação.


Eu também observei que as pessoas não lêem muito jornal nem se quer os compram. Isso não é bom, pois é importante manter-se informado.


Eu fui convidado a dar uma palestra em uma escola e enquanto aguardava, para meu horror, eu vi crianças entre 3 e 7 anos de idade chegando a escola continuamente, sem parar por uma hora. Não havia tempo determinado para entrar na escola. As meninas chegavam usando batom e mechas coloridas nos cabelos.


Os alunos eram totalmente indisciplinados. Os professores também eram muito displicentes quanto a sua vestimenta dentro da escola. Os alunos inspiram-se nos pais e professores e se estes não impõe disciplina... o que se pode esperar das crianças???


Para piorar tudo... os jovens só estavam envolvidos em relações físicas e emocionais com seus namorados e os pais permitiam isso abertamente.


O problema pelo que eu entendi é que tudo era aceito pela sociedade... e nada era considerado mau ou errado. Assim o mau se torna igual ao bem. Não tem nada mau tudo acaba sendo bom pois é aceito pela sociedade.


Não há diferença entre legitimo e ilegítimo. Uma relação legitima ou uma criança recebe o mesmo tratamento do que uma ilegítima. Como isso pode ser possível???



A comida era boa mas era sempre a mesma onde quer que eu fosse e eu sempre acabava comendo feijão com arroz juntamente com galinha. Sendo Hindu, eu não deveria comer carne de vaca, mas comi e não gostei muito. A comida não tinha tempero, somente sal, cebola e alho. Comer era uma coisa muito chata e previsível.


Eu gostei de comer comida Italiana, mas só isso.


Eu também achei muito estranho e rude as pessoas me convidarem para jantar e oferecer somente Coke e Guaraná com biscoitos. Eu ficava com fome durante a noite. Eu acabei dizendo para minha namorada não aceitar mais convites para comer a noite a menos que fosse servido realmente um jantar.



Também achei extremamente mal educado as crianças de qualquer idade chamarem os adultos por seus nomes e eles permitirem. Isso era ridículo porque ninguém no mundo teria coragem de chamar Bill Gates como Bill Gates em condições normais. Por que não se tem respeito ao falar com os mais velhos no Brasil???



Observei que se fuma menos no Brasil do que na Índia mas quando eu via alguém fumando.... geralmente era uma mulher. Neste caso na Índia é diferente pois aqui os homens fumam mais que as mulheres.


Eu não estou escrevendo isso tudo com má intenção. Estou dando minha sincera opinião baseado em minhas experiências no Rio e lugares por onde viajei, isso não significa de modo algum que eu não ame o Brasil. Eu amo o país, as pessoas, o oceano e a natureza. Eu aprendi muito aí e eu gostaria de retornar assim que possível.



Se de alguma forma eu magoei o sentimento de alguém eu peço desculpas. Há sempre dois lados em uma mesma moeda e há milhares de maldades e coisas erradas na Índia e o Brasil não é exceção. Eu não poupo meu país quando vejo coisas erradas acontecendo, segundo minha compreensão.


O Brasil é um país maravilhoso, amoroso e carinhoso.


Incredible India! (slogan do governo indiano)


Om Shanti e Ahimsa


Copyright - A reprodução é livre, desde que a autora Sandra, e o blog INDI(A)GESTÃO sejam devidamente citados e o link corretamente fornecidos. www.indiagestao.blogspot.in



.