16 maio 2007

Bharathanatyam (Dança Indiana)


Nâmaskar

Hoje temos a participação da Fernanda Desai que vai nos explicar um pouco sobre a dança indiana Bharathanatyam. A Fernanda é a dona da comunidade NATYADHARMA DANCA INDIANA do Orkut http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=5769541 e do website http://www.freewebs.com/natyadharma/

Dança Clássica Indiana- Bharathanatyam

A dança clássica indiana Bharathanatyam é uma das mais antigas e populares formas de dança da Índia. É extremamente tradicional e conhecida por sua vigorosidade, pureza e poses esculturais.

O Bharathanatyam, ou Bharat Natyam, nasceu nos templos do estado de Tamil Nadu, no Sul da Índia, há mais de 5000 anos. Originalmente era executada apenas pelas Devadasis, mulheres que pertenciam ao Templo e eram completamente devotadas à arte. A dança era oferecida aos Deuses como forma de agradecimento e devoção. Sendo assim, o Bharathanatyam é uma dança essencialmente devocional e atada à religião Hindu.

A palavra Bharatha tem sua origem em várias raízes. Bharatha é o antigo nome da Índia e também é o nome do sábio ao qual o Deus Brahma concedeu as escrituras que regem a dança, o Natya Shastra. Também é dito que a palavra Bharatha tem sua origem em Bha- Bhava (emoção), Ra- Raga (melodia), Ta- Tala (ritmo) e Natyam que significa teatro (com atuação, dança e música).

Foi aproximadamente na década de 30, no século XX, com o início do movimento de libertação da Índia, que alguns artistas se uniram para revitalizar esta forma de dança que em sua origem tinha o nome de Sadir ou Dasi Attam.

O Bharathanatyam, assim como os outros estilos de danças clássicas indianas, sofreu alterações desde seu início, mas sua essência ainda é mantida. Apesar de sua antigüidade, a dança ainda se conserva fresca e fascinante em sua riqueza de movimentos, encanto estético e variedade de expressões.

O ensino da dança segue as tradições antigas, sendo passado de Guru a Discípulos oralmente. O aprendizado é lento e gradual, exigindo anos de prática, dedicação e persistência.

A principal postura desta dança exige que a parte superior do corpo esteja ereta, as pernas flexionadas com os calcanhares quase unidos, os joelhos abertos apontando para as laterais, os pés também abertos voltados para fora. Os braços alongados e sustentados na altura dos ombros, esta postura é chamada de Ardhamandalam ou Aramandi.

Cada parte do corpo tem um movimento distinto, buscando sempre a simetria e formando triângulos com os braços e pernas. A intenção do corpo é sempre estar cada vez mais próximo do chão, da terra, se aproximando cada vez mais de Deus que, segundo o Hinduísmo, está na terra e não no céu.

A unidade básica da dança é chamada de Adavu, que quer dizer “combinação” Os Adavus são divididos em grupos e velocidades, partindo dos mais simples e lentos até os mais complexos e rápidos. Várias combinações de adavus formam as coreografias.

O Bharathanatyam é composto de Nritta e Nrittya. Nritta é a dança pura ou abstrata que não possui significado, tem um caráter puramente decorativo e com ênfase nos movimentos baseados no ritmo e na música, sem nenhuma intenção de demonstrar qualquer emoção. Já Nrittya é a dança expressiva, formada através de abhinaya (expressões faciais que denotam sentimentos e emoções) e hastas (mudrás, símbolos ou gestos das mãos) que conta estórias da mitologia hindu através dos movimentos.

As principais expressões do rosto (abhinaya) são chamadas de Nava Rasas e compostas por: Sringaram (amor), Veeram (heroísmo), Karuna (tristeza ou compaixão), Adbhuta (maravilhamento), Raudram (ira), Hasya (humor ou comédia), Bhayanaka (medo ou pavor), Bibhatsa (nojo) e Shanta (paz). E os gestos das mãos (hastas ou mudrás) são divididos em Asamyukta Hastas (simples) e Samyukta Hastas (compostos).

Em geral, o recital de Bharathanatyam é composto pelos seguintes itens: Pushpanjali, Alarippu, Jatiswaram, Shabdam, Kautwan, Varnam, Padam, Javali, Tillana e Mangalam. O estilo de música que acompanha o recital é o estilo clássico Carnático, em geral nas línguas Tamil, Kannada, Telugu ou Sânscrito.

Os instrumentos usados para acompanhar o vocal são: a flauta ou o violino, a veena e a tambura. Como percussão para o ritmo dos pés, o mrdungam e o nattuvangan. O bailarino usa o guizo nos tornozelos para acompanhar a tala (o ritmo da música).

As roupas de dança são confeccionadas com saris de seda coloridos, os cabelos adornados com flores brancas e laranja. Os bailarinos usam ricos ornamentos na cabeça, pescoço e braços. Pintam os pés e mãos com tinta vermelha para realçar os movimentos e delineiam os olhos com lápis preto para dar destaque.

Geralmente, é montado um pequeno altar (Puja) no local da dança para reverenciar Deus, pedir proteção e bênçãos para uma boa apresentação. Sempre se dança descalço e antes de começar a apresentação, o bailarino pede permissão (Namaskaram) aos Deuses e ao Guru, à platéia e à Terra, reverenciando, agradecendo e pedindo bênçãos.

“Com a dança indiana, a pessoa aprende a ser consciente não só do seu corpo, mas do meio em que vive, do que pensa, de como age. Automaticamente passa a melhorar o modo de viver. A prática também é um ‘belo treino’ para a mente. Quando a pessoa dança, é obrigada a ocupar totalmente sua mente. Assim, tem de estar absolutamente presente naquele momento. Caso não esteja com a mente presente no pé, na panturrilha, na coxa, no ritmo, na história que conta, na divindade que representa, não dança porque tudo é muito rápido” Patrícia Romano

Autora: Fernanda Desai- Assistente da Natyalaya em Curitiba, Bailarina do Grupo Natyadharma e Discípula de Patrícia Romano- Diretora da Natyalaya Escola de Danças Clássicas Indianas SP.

Websites: www.freewebs.com/natyadharma

www.natyalaya.4t.com

Om Shanti