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24 março 2008

Ibira na India - Parte 10

(Lotus Temple, da religiao Baha'i, Nova Delhi)
(Dilli Haat, feira de artesanato, Nova Delhi)

(Eu, comendo sanduiche vegetariano do Mc Donald's)

No meu ultimo relato de viagem eu havia acabado de chegar em Nova Delhi, no dia 17 de fevereiro, num domingo de manha. A primeira diferenca que notei, ainda na estacao, foi em relacao a temperatura – estava bem mais frio que no Maharashtra, mil quilometros ao sul, em direcao ao equador. O frio mesmo eu senti quando fui pegar o autoriquixa para a casa da Sandra. Para quem nao conhece, os riquixas sao abertos, e o vento entra com tudo... mas enfim, frios de lado, eu me impressionei com Delhi nos poucos quilometros entre a estacao de trem e a casa da Sandra. Notei logo nos primeiros metros que a capital da India nao pode ser comparada com o resto do pais; ou ao menos com o tanto que eu tinha visto e vivido ate entao. Ruas largas, calcadas, sinalizacoes, parques floridos, pessoas (homens, mulheres e criancas) vestidos a maneira ocidental, carros modernos, metro e obras por todos os lados... Delhi era muito diferente do que eu tinha visto ate entao...

Cheguei logo na casa da Sandra, passando um pouco de frio... ainda de manha, com um pouco de vergonha, contei que tinha tido minha primeira (in)diarreia e que precisava dar um pulinho no banheiro, pois no trem, agora conto, segurei o tempo todo... mas por sorte ja estava passando.

Logo no primeiro dia eles me levaram no Dilli Haat, uma especie de feira de artesanato muito bem organizada, num lugar fechado, com produtos e comidas de toda a India. La eu vi indianos ricos que nem olhavam pra mim, eu vi turistas de monte, grupos de amigos mistos, com garotos e garotas, uma India ocidentalizada que eu ainda nao tinha visto... nao me sentia um ET, pela primeira vez na India. Tambem logo na primeira semana fiz uma coisa que jamais esperava fazer, mas que quando soube que existia eu nao pensei duas vezes: comi o sanduiche vegetariano do Mc Donald's da India.

Em Delhi as minhas experiencias nao aconteceram com tanta intensidade quanto aconteciam antes de chegar na capital. Tive mais tempo ocioso, visitei os locais com calma, pude ir e voltar aos mesmos lugares... no entanto, embora eu tenha tido menos intensidade de experiencias, acabei tendo a maravilhosa oportunidade de viver a cidade com calma, podendo conhece-la, ao mesmo tempo que tambem acabei conhecendo os indianos com muito mais profundidade. O resultado disso eh que em Delhi acabei ficando malandro... finalmente! ;)

Embora minhas experiencias anteriores tenham sido riquissimas para mim, eu nao estava fazendo praticamente nada sozinho; sempre tinha um amigo la para fazer as coisas por mim. Em Delhi nao, embora a Sandra tenha me acompanhado em alguns lugares, houve outros que fui sozinho, me virei sozinho, e acabei, finalmente, aprendendo como lidar com os indianos na maneira mais apropriada. Logo aprendi como barganhar bem o preco dos autoriquixas, dos produtos nas feirinhas, de tudo... um mes passado aqui na capital, posso dizer que devo ter conseguido repor o dinheiro perdido naquele mal falado hotel de Mumbai que me enganou e cobrou quase 3000 rupias no meu primeiro dia de India... em situacoes extremamente engracadas, quando queria voltar pra casa, saindo de algum monumento, por exemplo, o primeiro motorista de riquixa que eu perguntava me cobrava 200 rupias, e eu na hora passava pro do lado, que cobrava 150, e depois pro outro, e pro outro, e pro outro, ate que conseguia o preco mais do que justo, de 50 ou 60 rupias, dependendo do caso. Pra voces terem uma ideia, 200 rupias sao 10 reais, enquanto que 50 sao 2,50 reais. E eu chamava todos de loucos quando me cobravam esses absurdos. Pior ainda eh que quando eu falo que eu sei que o preco justo eh 50 rupias e eles fazem uma cara de indignadissimos, de ofendidos, tentando ate assustar a gente, enquanto tudo nao passa de uma grande encenacao que eles fazem pra enganar. Mas eles nao me enganam mais.

Mas voltando a Delhi, muita coisa me impressionou por aqui. Essa cidade tem um numero imenso de monumentos, por todos os lados, em todos os cantos, de todas as epocas. Sao desde ruinas das sete Delhis que existiram desde 1190 ate a construcao de Nova Delhi, no seculo XX, passando por templos novos maravilhosos, como o Lotus Temple e o Swaminarayan Akshardam, e tambem por predios e monumentos do governo na parte planejada da Nova Delhi. Eu nao me cansei de visitar cada um desses lugares, e vou embora da capital sem ter visto ainda algumas dessas ruinas e alguns museus. Sao muitos, mas muitos lugares pra visitar, com muita historia em cada um deles.

Nesse depoimento de hoje preferi deixar as minhas impressoes de Nova Delhi. No meu proximo relato eu vou descrever um pouco melhor algumas outras experiencias que tive aqui na capital, algumas em parte relacionadas a vida indiana em si, outras relacionadas a modernidade dessa cidade e tambem do dia que fui a Agra.

Om Shanti Om

20 setembro 2007

Vera em Puttaparthi - Parte 2



Namaskar

Hoje temos a continuação do relato da Vera sobre sua visita a Puttaparthi, Índia. Leia a primeira parte deste relato no arquivo do dia 28 de agosto de 2007 entitulado Vera em Puttaparthi.

Após nossa rápida instalação no quarto do hotel e o reconhecimento dele, trocamos de roupa para podermos conhecer (finalmente) o ashram de Sai Baba. Eu já havia levado do Brasil algumas roupas típicas indianas (punjabs e sári) emprestadas de uma amiga e meu marido também já tinha um punjab emprestado para vestir, dessa maneira não precisaríamos nos preocupar em comprar roupas logo no primeiro dia.

Nos vestimos à caráter e fomos ao ashram. O hotel ficava um pouquinho distante do ashram então tínhamos que andar um pouco, nada exagerado, mas era o suficiente para podermos reparar nas lojinhas, farmácias, vendedores ambulantes, pessoas na rua, etc..... Reparei que havia estabelecimentos aparentemente muito humildes, porém com computador e monitor tela plana.

Tudo chamava muito a atenção, além dos próprios vendedores, que queriam que entrássemos na loja deles de qualquer maneira. As lojas de roupas eram muito atraentes, assim como as de imagens de deuses. Dava vontade de entrar em todas.

Nesse percurso também podemos ver muitas pessoas pedindo esmolas. Na verdade, crianças e mulheres. Já estávamos mais do que avisados, tanto pela Sandra quanto pela Isabela, nossa agente de viagens, para não darmos esmola à ninguém, pois na verdade isso é meio que uma profissão na Índia. Mas eles são muuuuito insistentes! Ficam pegando no nosso braço e nos acompanham pela rua afora, fazendo sinal de que estão com fome. É algo bem desagradável.

Chegamos ao portão do ashram. Eu esperava encontrar uma atmosfera de paz ao redor de um ashram, afinal o nome dele é Prashanti Nilayam que significa Morada da Paz Suprema, porém encontrei uma multidão de pessoas entrando, saindo, vendedoras de flores sentadas na calçada fazendo guirlandas, rikshaw´s andando em todas as direções, ou seja, um tumulto.

Entramos no ashram e conforme fomos andando pudemos realmente perceber sua verdadeira natureza de paz. Havia muita gente transitando, pois o darshan (aparição de Sai Baba entre os devotos) havia terminado há pouco tempo e as pessoas estavam saindo do mandir (templo onde Sai Baba dá o darshan). O local é muito grande e bem cuidado. Parece o campus de uma universidade. Para poder ter uma pequena noção, somente o mandir tem capacidade para 40 mil pessoas. E não pense que é difícil chegar nessa capacidade máxima.

Bem, eu e Daniel estávamos na verdade procurando o grupo de brasileiros, muitos deles amigos do Rio que já estavam no ashram há alguns dias.

O motivo de viajarmos à Índia nessa época é que ocorreria a III Conferência Mundial de Jovens. Haveria jovens do mundo inteiro e o Brasil estava lá, com aproximadamente 40 pessoas, entre jovens (maioria) e adultos. Quando falo em “jovem” não pense que se trata de uma bando de crianças e adolescentes. Para Sai Baba, jovem é aquele que está na faixa etária de 16 a 35 anos. Portanto, havia muitos jovens adultos por lá (eu e Daniel, inclusive).

Bem, andamos um pouquinho pelo ashram e nada de encontrar ninguém conhecido!

Como fazíamos parte da Conferência, tínhamos que fazer a confirmação de nossa inscrição no escritório, porém deixamos pra fazer isso no outro dia, pois como o local era imenso nem esse escritório conseguimos achar. Sem falar que estávamos cansados por causa da viagem, etc.

Passamos pela residência de Sai Baba e pudemos ter um vislumbre de Sua aura de amor e paz. O local é rodeado de plaquinhas indicando que as pessoas façam silêncio e sevas (funcionários voluntários) que se certificam que ninguém irá falar, conversar, ou seja, cuidam para que ninguém faça um pio sequer. Todos os sevas são facilmente identificáveis. Os homens usam roupas brancas e lenço azul no pescoço. As mulheres usam sáris e lenço laranja.

Havia muitas árvores ao redor da casa e pássaros aos montes, o que aumentava ainda mais a sensação de paz e harmonia.

Bem, depois desse rápido reconhecimento do ashram, e sem encontrar nenhum conhecido, resolvemos voltar ao hotel para jantarmos, descansarmos e nos preparar para o dia seguinte, que prometia ser cheio.

Voltamos ao hotel e antes de retornarmos ao quarto, fomos ao restaurante. Ficávamos morrendo de vergonha pq em qualquer lugar que aparecíamos todo mundo ficava nos olhando. Deve ser o Efeito ET que a Sandra tanto fala, mas achei que em Puttaparthi, que está sempre cheia de estrangeiros, as pessoas já estivessem mais acostumadas.

Reparei que o restaurante estava meio que na penumbra. Escolhemos uma mesa e nos sentamos.

Era um restaurante bem simples. Veio o garçom (que depois vimos que também era carregador de malas, recepcionista, etc) e acendeu a lâmpada próxima à nossa mesa. Aí é que entendi que eles só devem acender as lâmpadas se tiver cliente, para não gastar energia à toa (pelo menos foi a impressão que deu).

Chegou o cardápio e fomos escolher algo pra comer.....e aí, o que comer?

Eu queria me arriscar em algum prato indiano, mas não sabia o que era o quê. Fiquei com medo de pedir algo que fosse muito apimentado e acabar deixando a comida toda, além de poder ter algum efeito colateral desagradável que me impedisse de ir ao ashram no dia seguinte. Acabamos indo no mais trivial possível: sanduíche de queijo grelhado. Para beber, pedimos se havia Fanta. O garçom multi-tarefa nos olhou com cara de interrogação e disse que tinha Coca, Sprite....e Mirinda! Acabamos indo de Mirinda e aqui cabe uma observação: porque a Mirinda indiana é tão laranja? Parece algo meio fluorescente. Ah, outro fato interessante: nos restaurantes indianos onde estivemos, ao sentarmos na mesa a primeira coisa que nos era oferecida era água. E reparei que o garçom ficava meio desconcertado se a gente recusava. Nesse restaurante havia um daqueles matadores de insetos elétricos. De vez em quando podíamos ouvir um “bzzzz” qdo um insetinho era eletrocutado.

Bem, terminamos nosso lanche, pedimos a conta e quando o garçom chega com a conta traz junto um potinho cheio de uma sementinha branca, com uma colher dentro, e deixa na nossa mesa, na maior naturalidade.

Eu e Daniel nos entreolhamos e perguntei pro rapaz o que era aquilo. Ele disse o nome da coisa (que eu não consegui entender) e disse que era bom pra digestão, passando a mão na barriga.

Resolvi experimentar. Peguei um pouquinho da semente, que mais parecia um apanhado dos insetinhos mortos pelo inseticida elétrico, e pus na boca. Tinha um gosto docinho....bom até. Resolvi mastigar e aí a sementinha se revelou com um gosto de sabonete bem ruinzinho. Acho que era alcaçuz, mas até hj não sei exatamente o que é a tal semente branca. Em outro hotel que ficamos posteriormente em Bangalore nos deparamos novamente com um potinho de sementes brancas.

Bom, voltamos para nosso quarto, desfizemos as malas, separamos as roupas que usaríamos no dia seguinte, tomamos um banho (água quente, um luxo!) e nos preparamos para dormir.

Eu estava super ansiosa com o dia seguinte, pois seria a primeira vez que participaria das atividades do ashram, além de ser o dia em que veria Sai Baba fisicamente pela primeira vez!

Acho que a emoção/nervosismo eram tantos que perdi o sono no meio da madrugada.....

Outro fato que estava me deixando bem inquieta é que durante a Conferência haveria uma apresentação de dança para Sai Baba realizada pelo Brasil, México e Venezuela. Lógico que eu não poderia perder essa oportunidade de me apresentar para Ele, mas há alguns poucos dias da apresentação eu ainda nem fazia idéia de como seria essa dança.

Na manhã, ou melhor, madrugada seguinte, pois eram às 4 da manhã, levantamos para podermos nos vestir e chegar ao ashram para as primeiras atividades.

Foi aí que percebemos que havia uma mesquita muito próxima ao hotel e que neste horário já havia alguém lá iniciando as orações muçulmanas. Todos os dias acordávamos ao som das orações. Era muito gostoso, algo bem característico e típico do lugar.

Saímos para ir ao ashram e pude perceber que mesmo sendo tão cedo as ruas já estão muito movimentadas. Já havia pessoas andando, trabalhando, vendedores ambulantes descascando laranjas, preparando chá.....as mulheres com suas cestas de flores preparando as guirlandas na calçada....

Chegamos ao ashram. Eu fui pra um lado e o Daniel para outro. Homens e mulheres fazem as práticas espirituais sempre separados. Até o almoço é separado. Até o horário de entrar no “shopping” do ashram é separado para homens e mulheres. Bem, cada um seguiu para um lugar. Fui à fila do darshan aguardar para entrar no mandir. Já tinha ouvido falar sobre os maus modos das indianas e na fila do darshan pude constatar isso. Elas adoram cortar fila! Qualquer oportunidade que apareça elas entram do seu lado, meio que em diagonal e ficam ali com a maior naturalidade. Uma delas fez isso comigo e eu tive que dizer a ela que o fim da fila era lá atrás. Ela acabou saindo, ainda bem, sem criar caso. Outra coisa desagradável era o odor das flores que elas usavam nos cabelos. Eu já mencionei anteriormente que havia várias mulheres do lado de fora fazendo guirlandas. Muitas são mini-guirlandas para que as mulheres coloquem como enfeite no cabelo. Só que essas flores têm um mau cheiro (a meu ver) horroroso. Eu estava me sentindo em um velório!

E pra completar minha saga solitária no meu primeiro darshan, passei pela provação de ficar horas sentadas. Eu já sabia que passaria por isso, pois temos que chegar muito cedo para nos organizarmos em filas, esperar as filas serem sorteadas, entrar no mandir e aguardar até que Sai Baba sai de Sua residência. Já tinha ouvido falar de outros devotos que a espera é longa e cansativa, mas realmente é algo desesperador. A uma certa altura eu estava com as pernas muito doloridas de ficar sentada no chão. As costas, então, nem se fale.

Só que ao tentar colocar as pernas em outra posição a pessoa ao lado acabava tomando o espaço que minhas pernas ocupavam aí, quando eu resolvia voltar pra velha posição, não havia mais espaço. Uma tortura! Outra coisa muito desagradável foi ter que aturar a mulher do meu lado arrotando! Em pleno mandir, há poucos minutos de Sai Baba aparecer, a mulher do meu lado resolve comer uma semente/noz estranha que ela levava na bolsinha. Eu só ouvia aquele barulhinho característico de semente sendo triturada. A mulher mastiga, mastiga e dali a pouco solta um baita arrotão bem na minha direção! Eu fiquei muito indignada, mas tentei fingir que não tinha acontecido nada. Dali a pouco a mulher resolve comer outra semente. Ai, ai, ai, eu já comecei a prever o que aconteceria. A mulher novamente vira o rosto pro meu lado e solta um belo arroto. Novamente fiquei muito indignada e enojada. Olhei pra mulher com cara de reprovação (foi o máximo que tive coragem de fazer). Ela deu a entender que percebeu minha chateação e parou com esses lanchinhos.

Eu me sentia como se estivesse sendo testada. Completamente sozinha, sem nenhum conhecido ao meu lado. Uma mulher cortou minha frente na fila e eu tive que reclamar. Estava há horas sentadas, sem espaço para me acomodar. A mulher do meu lado comendo em um local sagrado e arrotando na minha cara. Não era possível que para ver Sai Baba fisicamente eu tivesse que passar por tantos desconfortos e aborrecimentos.

Nesse momento a entoação dos Vedas se iniciou, as luzes do mandir se acenderam e Ele finalmente entrou. A angústia, dor, incômodo foram todos substituídos por muita alegria, emoção e gratidão por poder estar ali. Foi muito emocionante vê-Lo fisicamente pela primeira vez.

FOTOS: Vera e as sementinhas de anis & cidade de Puttaparthi

22 agosto 2006

Agnes - Relato - Parte II



Continuação da postagem da Agnes...


Mas eu superei todos esses problemas com bom humor, paciência e compreensão. Uma das coisas que a Índia me ensinou for ter PACIÊNCIA e aprender aceitar o outro, com todos os seus defeitos e diferenças e passar a ver as qualidades e virtudes.

O que não consegui compreender e que me incomodava de verdade era o olhar dos indianos para mim. Sim, o EFEITO E.T. é, de fato, irritante. Em qualquer lugar da Índia você é visto como um ser de outro planeta. As pessoas não têm pudor algum em te examinar da cabeça aos pés e até mesmo em tocar em você ou pedir para tirar fotos.
Os homens olham com curiosidade. Mas o olhar das mulheres foi o que me deixou mais enlouquecida. Muitas me olhavam com curiosidade e admiração, principalmente por eu ser uma garota, que faz faculdade, trabalha e viajava sozinha pela Índia - de fato, no mundo delas eu era uma E.T. Mas muitas me olhavam não apenas com curiosidade, mas com muita raiva, ódio e desprezo. Se pudessem, arrancariam meu pescoço. Isso me entristecia muito. E não me perguntem o porquê disso. Eu tentei de todas as formas entender mas, confesso que não consegui.

Eu me vestia com roupas indianas pois estava fazendo entrevistas e pesquisas e achei de bom tom respeitar a cultura local. De forma alguma, usava transparências, decotes ou algo que pudesse ofender a moral indiana. Talvez por eu ser fisicamente parecida com uma indiana - sou morena, tenha cabelos longos e traços semelhantes aos indianos, e ao mesmo tempo ter algo diferente, eles percebiam que eu não era de lá. Talvez esse tenha sido o motivo. Enfim, o que posso dizer para os que planejam viajar a Índia é: venham preparados para enfrentar esse olhar. (o EFEITO E.T.)

Se você pensa em viajar para Índia com o propósito de encontrar um país espiritualizado. DESISTA. Os indianos são extremamente individualistas (e capitalista ao extremo). A sociedade de castas diz que se você tem mais dinheiro, você é uma pessoa mais evoluída, tem mais sorte e é mais amado por Deus. Sim, horrível. As pessoas desprezam aqueles que tem um poder aquisitivo menor. Pedintes são, não apenas ignorados, mas desprezados. Uma situação de grande tristeza.

A Índia que conheci foi um país não espiritualizado, mas extremamente ritualístico. O ritual é parte essencial da rotina indiana. A sociedade é marcada por rituais, seja nas relações sociais, no comércio, negociações, na religião. Enfim, em todo o lugar, o ritual tem presença marcante.

Mas a Índia também é cheia de boas surpresas. Fui muito bem recebida em todos os lugares. Brasileiros são muito queridos pelos indianos. Os amigos que fiz lá, levarei para sempre em meu coração. Conheci pessoas incríveis, indianos adoráveis que me apoiaram, me ajudaram com minha pesquisa e não deixaram que, em momento algum, eu me sentisse sozinha. Verdadeiros amigos.

Óbvio que não posso deixar de mencionar a importância que a Sandra teve em minha viagem e em minha vida. A Sandrinha é uma pessoa iluminada que mesmo sem me conhecer, me recebeu em sua casa, me deu apoio, carinho e amizade. Muito do sucesso de minha viagem devo a ela, as informações passadas por ela e o enorme carinho com que ela e seu esposo me receberam!

Uma das coisas que mais gostei na Índia foram as cores desse país.
Como é lindo o colorido das roupas, ornamentos, casas, decoração, monumentos. As cores revelam muito a intensidade da Índia e de sua população.

Apesar de todas essas dificuldades enfrentadas, a Índia me pareceu um país maravilhoso. Sim, pode parecer estranho, mas eu fui muito feliz na Índia. Por duas vezes eu mudei a data de meu vôo de volta ao Brasil e se pudesse teria ficado mais. Aprendi lições que levarei para o resto de minha vida. Vi lugares incríveis, vivi experiências riquíssimas, conheci um outro mundo. Cada segundo na Índia foi uma nova lição em minha vida. Andar nas ruas, observar as pessoas, os hábitos, entender o olhar indiano, tudo é absurdamente gratificante.

Minha pesquisa foi riquíssima. Conheci ONGs que desenvolvem trabalhos importantíssimo para o empoderamento da mulher e para a eliminação da violência contra a mulher. Uma luta árdua e permanente, um trabalho de conscientização que bem aos poucos vai ganhando força.

Muitos podem estar discordando de mim agora. E podem pensar que essa minha paixão pela Índia seja explicada pelo fato de eu ter permanecido apenas por 20 dias no país. Mas eu discordo. Adorei a Índia, com suas virtudes e problemas. Talvez por eu ser jornalista e me interessar pela área social e cultural. Talvez por eu ser uma pessoa que se adapta rapidamente a diferentes situações. Ou por eu ter ido a Índia sem pré-conceitos, por eu ter ido de coração aberto, sem a intenção de mudar algo por lá. Fui determinada a imergir nessa cultura e aprender com ela. Fui sim, determinada a denunciar os problemas e tornar públicas as iniciativas de ONGs que têm provocado algumas pequenas, mas importantes, mudanças sociais.

Sim, leitores do Indi(a)gestão. Eu amei a Índia e tudo o que ela me ensinou. Toda a sua intensidade. O barulho, os cheiros, os sabores, as pessoas, as cores maravilhosas – ah...como amei as cores – e a vida que é tão intensa por lá. Encantei-me por esse país que me recebeu com tanto carinho.

Os problemas existem e não são poucos. A vida na Índia não é fácil. Os desafios são muitos, as diferenças são intensas, há muitas contradições, hipocrisia e falsas moralidades. Mas no meu caso, os bons momentos superaram os dissabores e o saldo de minha viagem foi extremamente positivo.

Já estou planejando meu retorno. Sim, quero mais desse país que me proporcionou os momentos mais incríveis de minha vida!!!

***
Este é o fim do excelente relato da Agnes; uma moça linda, educada, inteligente, generosa e adorável.

Incredible India!
Om Shanti

26 maio 2006

Mais sobre o Efeito ET


Namastê

Só para você ver que o Efeito ET não é implicancia minha e nem loucura de minha cabeça, segue abaixo relatos das estrangeiras que como eu, também sofrem com este efeito.

O que percebo é que o Efeito ET parece acometer mais as mulheres do que aos homens. Se algum homem veio para a India e sentiu também o Efeito ET por favor de-nos seu parecer. Eu gostaria de saber como é essa coisa para os homens.

Relatos abaixo:

Entendo isso, e como! Cheguei em Karachi semi-loira, a tinta não havia pegado no meu cabelo. Branquela, alta.

E o olhar das paquistanesas... as mais cobertas me xingavam. Mandei as barangas tomarem no cú, em português, lógico.

Chegou a um ponto tão insuportável que as vezes o Ali me escondia para que eu não passasse pelas milhares de perguntas.

Ainda vou relatar um caso no meu blog que me apavorou...

Beijos
Karina

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O Efeito ET sob a minha pessoa aqui em Vizag deve ser mais ou menos como o da Ana (jornalista)... algumas pessoas querem tocar, outras param de falar... essas coisas absurdas que só quem sofre na pele o Efeito ET sabe... e realmente não interessa se estamos de sari, salwar ou de calça jeans. O melhor mesmo a fazer é rir, mas que muitas vezes dá vontade de sair gritando, dá! Beijinhos.

Stefânia Forner

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AHHHHH!!!! Mas esse Efeito E.T. acontece aqui também!!! (Japão) Sou muuuuuito branca e loira!!!!! Então virei atração!!!! As crianças então.......porque ainda não são tão tímidas a ponto de pedir uma foto.....porque japoneses AMAM tirar fotos!!!! Pelo menos quando eu for à India não sentirei tanto o Efeito E.T.......kkkkkkk.......bjs

Geciara

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Olá Sandrinha:Daqui é a portuga....pois esse efeito do ET para mim é muito complicado visto não gostar de dar nas vistas...tb de tudo já me aconteceu....desde a pedirem para tirar fotos comigo e com eles como se eu fosse amiga deles de tempos, a fingirem que estão a tirar fotografia ao monumento ou a outra coisa mas que eu vejo que a foto que querem tirar é a mim, a pararem no meio da rua e introduzirem-se no meio de nós e das pessoas com quem conversamos ficando ali completamente colados ao chão, com o seu olhar fixo em nós, toltamente abismados,de boa aberta com uma expressão de admiração (como fazem as crianças)como se não acreditassem no que estão a ver...parece que estão a olhar para uma coisa extraordinário e única, uma peça de arte exposta num museu para ser admirada....mas para mim estragam tudo pois a forma como olham é de uma completa indiscrição pois parece que nos despem com os olhos, nem as crianças olham assim para algo que nunca viram....enfim...mas o que mais me incomoda é a indiscrição deles e aquilo a que eu no meu mundo ocidental chamo de FALTA DE EDUCAÇÃO...não consigo entender as perguntas indiscretas que fazem,o porquê deles a tudo, o que fazemos porque o fazemos,como o fazemos, porque compramos onde compramos, quanto custou, como foi....etc etc pois peguntas é coisa que não falat um indiano (na minha modesta opinião a maior parte completamente despropositadas e de falta de ducação algumas vezes)....para além das perguntas indiscretas da nossa vida pessoal(episódio novo para nós parecia que estavamos num filme nem acreditamos no que nos estava a acontecer).....não entendo e deixa-me tremendamente irritada....mas agora adoptei outra atitude.....com a minha carinha bem firme e muito séria e com toda a minha diplomacia digo simplesmente que estão a ser curiosos que eu não vou responder pois essas perguntas são pessoais e que no meu país esse tipo de perguntas não se faz pois é de mau tom e de má educação e muito menos perguntar esse tipo de coisas a uma senhora....a reacção dos indianos é muito castiça pois ficam atanrantados por uma mulher lhes responder e depois como foram chamados à atenção e ainda por cima por uma mulher "enfiam o rabinho entre as pernas e põem-se a andar" (expressão portuguesa) como fazem as crinaçs quando são repreendidas...há dias em que achamos piada mas há outros que dá vontade não sei bem do quê....para mim isto é sinal infelizmente de ausência de muitas regras e de muita ignorância.....enfim o efeito ET é um efeito que nos persegue em toda a Índia e que nos irá sempre perseguir.....confesso não me habituar a ele e o acho de muito mau gosto e de muita falta de educação (ocidental falando, claro).....apesar do que a taytha escreveu o lado bom e positivo do efeito ET poderia acontecer era por motivos bem mais nobres do que aqueles que actualmente vigoram...tento respeitar e aceitar a cultura indiana e a maneira de ser dos indianos, pois não podemos nem devemos querer ser todos iguais (assim tb não tinha piada nenhuma seria demasiado monotóno) mas, não os entendo nem nunca os vou entender e não consigo aceitar muito do que tenho visto por etas bandas são coisas completamente inaceitáveis no século 21 para mim o problema dos indianos resume-se a um conjunto de factores como a falta de instrução, a ignorância, a falta de ambição, o sistema das castas e a pouca vontade de mudar pois eles entendem ue a sociedade deles é boa e perfeita.....por muito que queira e me esforce NÃO CONSIGO ENTENDER OS INDIANOS E A ÍNDIA... bem por hoje é tudo....fica bem joka grande,

Paulinha.

25 maio 2006

"Eu quero ser amigo do ET"



Nâmaskar

Continuando sobre o Efeito ET ... pois é justamente assim que os indianos nos fazem sentir, temos o fenômeno: “Eu quero ser amigo do ET”.

Isso mesmo, os indianos são loucos para serem seu amigo. Querem se tornar seu amigo de qualquer modo e o método mais comum é eles se autoconvidarem para ir à sua casa!

Sim, na cara dura eles viram pra você e dizem “qualquer dia vou te visitar na sua casa” ou “quero que você faça uma comida brasileira” etc.

Eles te pedem o número do seu telefone, o seu email e o seu endereço.

E por falar nisso, é bom que você saiba que os indianos são EXTREMAMENTE curiosos. Eles te perguntam quanto você ganha de salário, quanto você paga de aluguel, em fim, tudo que lhes interessa saber eles simplesmente perguntam.

Uns dois ou três meses após meu casamento, uma bela tarde minha sogra entra no meu quarto, e me pergunta se o filho dela esta me satisfazendo sexualmente!!!!!!

Até hoje não lembro o que respondi pois o choque foi tão grande que as palavras da sogra ecoam até hoje em minha cabeça. Creio que já deu pra vocês terem uma idéia do grau de curiosidade dos indianos, não? Por isso e por muitas outras coisas é que não consegui ficar morando na casa dela em Kolkata.

A curiosidade indiana chega ao ponto da indiscrição.

Mas voltando ao assunto, é normal os indianos quererem ter você como amigo; não porque apreciam quem você é, mas pelo único fato de você ser uma estrangeira branca, e como você já sabe, ter amizade com estrangeiro da status!

Pessoas que você pouco conhecem te convidam pra festa de casamento e outras atividades só para te exibir. Tem um senhor bengalês aqui em Delhi que adora fazer isso. Quando ele me convida pra alguma coisa já sei que é para ele botar panca pra cima dos amigos dele; então capricho no visual pra não desapontar ;-)

Já pensou 1 Bilhão de pessoas querendo ser seu amigo!!! Complicado!

Om Shanti

24 maio 2006

"Eu quero uma foto do ET"


Nâmaskar

Continuando sobre o Efeito ET ... pois é justamente assim que os indianos nos fazem sentir, temos o fenômeno: “Eu quero uma foto do ET”.

Para eles é algo de grande importância ter uma foto do ET, ou seja, nós, simples mortais cujo único diferencial foi ter nascido no ocidente (Graças a Deus!) rssssssssss.

Saiba algo muito importante: indianos amam sair em fotografia. Há toda uma explicação para isso mas não estou com paciencia para explicar isso hoje. O que importa é que eles amam sairem numa fotografia e se for ao lado de um ocidental então, nem se fala!!!!!!!!! Pra eles é tudo de bom!!!!!!!

Ter uma foto ao lado de um ocidental lhes é tão importante, que alguns até mesmo te pedem para que você tenha sua foto tirada junto a eles ou que eles tirem uma foto sua. É divertido!!

Os mais humildes que não tem coragem para pedir, dão “um jeitinho”, ou seja, fingem que estão tirando foto de alguma outra coisa, mas estão na verdade tirando uma foto sua!! SUPER comum isso, não fique brava!!

Sei de um caso no Rajastão que um velhinho a todo momento tentava se infiltrar na foto, tanto o vovô fez que finalmente o brasileiro deixou o ancião ser fotografado ao seu lado.

Lógico que depois, na vila deles, pros parentes e amigos eles mentem dizendo que você é amigo deles. Que te conhecem faz tempo e criam toda uma estória em cima, inventam um nome etc. Esta é uma maneira de sentirem-se importantes, de esnobar, pois tem um amigo estrangeiro! Coisas de indiano rssssss.

Os britânicos e invasores massacraram tanto a auto-estima deles, que isso ficou profundamente gravado em seu inconsciente coletivo. Eles odeiam a própria cor, todos querem ser brancos ou casar com pessoas claras.

Gastam muito dinheiro comprando cremes clareadores para a pele e fazendo “bleaching” (clareamento de pele) no salões de beleza.

Sentem-se orgulhosos em serem “marrom” e “não negros como os africanos”, mas sentem-se inferiores em relação aos brancos.

Certa vez minha sogra apontou com o dedo indicador meu braço e disse: “this color is beautiful, not this”, apontando com o mesmo dedo para seu próprio braço.

E por falar em braço, sabia que as indianas depilam os braços mas nem todas depilam as pernas!!!!!! E depois os ET somos nós! rrssssssssss

Om Shanti


PS. Olha só a foto do indiano todo feliz entre as duas ETs!!!!!!



23 maio 2006

Efeito ET


Nâmaskar

Hoje vou te contra sobre uma coisa que me incomodou MUITO e por muitos anos aqui na India, é o que chamo de “Efeito ET”.

Como em 1999 quando vim pra cá não conhecia nenhuma brasileira/o ou ocidental, pensei que o Efeito ET só atacava à mim. Hoje sei que ataca à todos os ocidentais.

O Efeito ET é ainda pior para pessoas brancas, loiras então, nem se fala!!!

Se você quer saber como se sente um ET ou um animal no zoológico, venha para a India!!!

Em cidades turísticas como Nova Déli, Jaipur e Agra, o Efeito ET é sutil; basta sair do “Triangulo Dourado” para sentir seu poderoso efeito!

Quando vim para a India, fui direto para a grande vila de Kolkata, considerada cidade devido a sua grande população.

Kolkata, antigamente conhecida por Calcutá, foi a capital da India durante o domínio britânico, hoje não passa de uma gigantesca favela. Lamentável!

Foi justamente em Kolkata que o Efeito ET me atacou com maior intensidade.

Era horrível e me incomodava profundamente, sou traumatizada até hoje!

Sozinha ou acompanhada; vestida normalmente ou á indiana; falando ou calada, o Efeito ET estava constantemente me acompanhando.

Trata-se do fato de que os indianos são extremamente curiosos e desprezam sua própria etnia, ou seja, ADORAM ocidentais de pele clara, quanto mais branco melhor!!!

Era HORRIVEL andar pelas ruas de Kolkata. As pessoas páravam literalmente o que estivessem fazendo só para me observar.

Se houvesse uma rodinha de amigos/as conversando na calçada, eles paravam de conversar, abriam caminho para que eu passasse e só então voltavam a falar.

Por duas vezes, uma vez um rapaz de moto e outra vez um de carro, quase bateram seus veículos pois estavam com a cabeça virada olhando pra mim ao invés de estarem olhando para frente.

Como é horroso sentir-se observada de cima em baixo com olhos penetrantes como que se quisessem adentra-lhe a alma! O olhar das mulheres indianas são pior, muitos contém uma alta carga de energia negativa.

Soube que Kolkata continua a mesma, nada mudou, e o Efeito ET não perdeu sua força; uma brasileira que atualmente mora lá me informou.

Outras brasileiras me relataram que para elas o Efeito ET não parava só no olhar admirado e deslumbrado dos indianos. Muitos indianos tem a necessidade de tocar, ver e sentir em seus dedos as peles claras e os cabelos loiros dos ocidentais.

Veja foto comprobatória da jornalista Ana em sua viagem de trem à Shimla. Observe como as indianas estão tocando-a e segurando nela.

Parte do Efeito ET, pois é justamente assim que os indianos nos fazem sentir, temos o fenômeno: “Eu quero ser amigo do ET” e “Eu quero uma foto do ET”. Assuntos que serão tratados amanhã e depois.


Om Shanti

04 maio 2006

Depoimento da Karen

Olá Sandra, tudo bem?

Olha.. estive pensando muito sobre o que escrever e como escrever pois como você deve saber a minha passagem pela Índia não foi nada fácil .. uma relação de amor e ódio que nem eu sei descrever.. a Índia me ensinou algo e ao mesmo tempo me roubou algo que até hoje eu não consigo explicar.

Tudo começou com uma proposta da empresa na qual eu estava trabalhando, eles estavam com problemas com a filial da Índia e resolveram enviar uma "paulistana" para trabalhar no escritório. Antes de mim houve uma outra brasileira que ficou por 3 meses e voltou mas a forma o qual ela me passava as coisas não dava para ter uma real noção de como era esse país.

Antes de viajar tentei pesquisar tudo sobre a cidade de Nova Déli mas não pude ler muita coisa sobre a cidade e as pessoas na Internet, principalmente sobre o comportamento das pessoas (infelizmente eu não conhecia o Indiagestão na época). Viajei na maior ansiedade, achando que estava indo para um país totalmente zen!

Cheguei em Mumbai no dia 02 de fevereiro e meu primeiro dia foi um fiasco, escrevi até um e-mail muito engraçado para o pessoal da empresa falando sobre as três coisas mais idiotas que eu havia feito no meu primeiro dia que se eu parar para pensar, foram idiotas mesmo pq eu poderia ter sido estuprada logo no primeiro dia! Cheguei no hotel de madrugada e morrendo de medo pq logo na saída do aeroporto é um aglomerado de gente que assusta qquer visitante! No hotel fui acordada por alguém batendo na minha porta e como de costume abri e dei de cara com três indianos que não falavam absolutamente nada, só ficaram olhando para a minha cara.. fiquei brava e fechei a porta. Santa ignorância a minha não?

Fiquei uma semana em Mumbai, tive problemas com a comida e quase peguei uma infecção estomacal ... nunca senti uma dor tão forte na minha vida!!! A presidente (brasileira) da empresa chegou dias depois e ficamos juntas.. como ela já conhecia bem a Índia me deu algumas orientações e eu segui mais confiante, cautelosa em relação à alimentação e ansiosa para New Delhi onde eu ficaria até dezembro deste ano.

Estranhei muito os costumes do povo da Índia principalmente o jeito de olhar dos homens indianos. O escritório tbém era bem ruim e faltava energia todos os dias! Não tinha banheiro interno só externo e era uma sujeira! O indiano que trabalha como manager não fazia nada e chegava após às 12pm todos os dias e tudo era muito difícil de se conseguir. A impressão que eu tive é que indianos não gostam de trabalhar e que todos gostam mesmo é de ser chefinhos. Tive muitos problemas com o escritório da Índia, pela falta de procedimentos e pela falta de boa vontade do indiano lá principalmente após a volta da minha presidente ao Brasil.

Isso foi só o começo de muitos problemas que estavam por vir, acho que o que eu vou escrever aqui talvez sirva de exemplo para muitas pessoas que vão para a Índia à trabalho, principalmente se a empresa não tem uma boa estrutura para te dar suporte.
Eu tive "n" problemas de adaptação e um deles foi a minha liberdade. Eu não podia ir nem na esquina comprar comida, não pela falta de segurança pois o lugar onde eu estava morando não era tão ruim assim mas sim pq. qquer coisa que eu comprasse sairia bem mais caro, então eu enviava a minha maid para fazer isso. Para o escritório eu só podia ir de carro e os motoristas sempre chegavam atrasados e aos domingos desligavam o celular para que eu não pudesse chamá-los.. sendo assim, eu ficava em casa sem ter o que fazer e a minha única janela para o mundo era a Internet.

Outro problema era a alimentação, não sou muito ligada em comer carne todos os dias mas comecei a sentir falta e quando fui comprar achei um absurdo (isso pq. só comprei lingüiça e mortadela!). O meu budget para alimentação era de 3.000 rupees para todas as despesas da casa inclusive alimentação e eu tinha 3.000 rupees para o almoço (que normalmente eu comia fora). Se eu comprasse carne tinha que economizar para as outras despesas.. e como eu sentia falta de uma boa alimentação acabava almoçando em lugares caros mas que serviam pratos variados matando um dia de almoço para comer bem no outro.

Pra piorar um pouco mais a minha estada a empresa o qual eu trabalhava não enviou dinheiro para pagar os empregados, prestadores de serviços e minhas despesas! O cartão de crédito empresarial estava sem limite e eu sem dinheiro. Comecei a ficar desesperada pois sem dinheiro não poderia sair de casa para o escritório, fazer as ações de marketing e comprar alimentos. As cobranças da empresa no Brasil não paravam e eu após minha jornada de trabalho na Índia ficava on-line para fazer transferências de arquivos da empresa no Brasil e criar ações para as lojas, enviar relatórios, etc, já que eu ficava visitando lojas durante o dia. Quando me vi estava trabalhando duas jornadas e fiquei psicologicamente acabada até o dia que fui parar no hospital. Entrei em depressão, chorava por qquer coisa.. ficava com febre por nada...e por não poder fazer nada.

Tudo isso só me fez pensar nos verdadeiros valores da vida e até onde vale a pena você vestir a camisa da empresa, ainda mais quando a empresa te deixa sem dinheiro e pior, na Índia! Voltei para o Brasil fazem umas duas semanas e pensando com muita calma acho que o pior de tudo não foi a Índia em si mas toda a situação em que eu estive. A Índia significa intensidade! É desespero do começo ao fim pois no último dia quase sumiram com meu passaporte!!
Conheci bons indianos que sempre estiveram ao meu lado nos momentos difíceis e conheci também brasileiros que mesmo pelo pouco tempo ficarão eternamente em minhas lembranças e isso foi a única coisa boa da Índia pq. o resto eu estou tentando esquecer.

Foram três meses de ansiedade, desespero, trabalho e lágrimas nessa Incredible Índia!
Sandra, eu não quis citar o nome da empresa mesmo que eu não trabalho mais lá. Fui escrevendo tudo o que me veio na cabeça.. se vc achar que está extense pode cortar tá bom?

Espero que esteja bem.. de verdade. Beijos! Beijos! karen

05 abril 2006

DELHI


Namastê

Como você sabe, eu amo Delhi e por isso mesmo gostaria de te contar um pouco sobre minha cidade. Sim, Delhi me pertence, é minha! Hehehehehehe

Meu interesse por Delhi surgiu inicialmente em março de 2000 quando sai pela primeira vez do aeroporto e pisei nesta cidade. Isto aconteceu exatamente no dia de Holi, o festival da cores, e todos estavam coloridos e brincando uns com os outros. O clima festivo e o lindo dia de sol, porém não muito quente, contribuíram muito para me causar uma muito boa primeira impressão.

Do aeroporto internacional para o nacional, onde peguei um vôo doméstico, apesar de muito curta a distância entre um e outro, fiquei muito bem impressionada com o que vi; ruas largas, grama aparada e ares de cidade grande. Mas foi mesmo na segunda vez que pisei em Delhi que me apaixonei por ela!

Em Delhi, as pessoas estão bem mais acostumadas com estrangeiros e não ficam olhando para nós como se fossemos ETs ou animais no zoológico.

As ruas e avenidas arborizadas e a imensa quantidade de parques e reservas florestais tornam Delhi muito bela e agradável.

O trânsito caótico e barulhento é o mesmo que no restante da Índia, Mas aqui pelo menos há muito mais semáforos e o tráfego flui melhor e mais rápido; lógico que as avenidas largas e os viadutos contribuem muito para isso.

Temos aqui cerca de 13 milhões de habitantes (pessoas) distribuídos em 1.483 km², e um incontável número de vacas (animais).

Você algum dia já se perguntou por que Nova Delhi chama-se NOVA Delhi??? Se o nome é Nova Delhi isto significa que ouve uma “velha” Delhi??? Assim como você, eu um dia também me fiz esta pergunta.

Sim, na verdade, houveram 7 (sete) “velhas” Delhi!!! Isso mesmo Sete “velhas” Delhi!!!! Para que se ter uma só quando se pode ter oito!!! Calcule, 7 “velhas” Delhi + 1 Nova Delhi = 8 Delhis !!!!!!!!!!!
Já deu pra você perceber porque amo tanto esta cidade; porque há 8 delas!!!!!!!!!! rssssssss

Aprenda aqui com nosso blog tudo sobre Delhi, pois os guias turísticos só falam Hindi e/ou ensinam tudo errado.

Om Shanti